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Motorista de ônibus que caiu de viaduto no Rio passará por cirurgia

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

04/04/2013 11h23

André Luiz da Silva Oliveira, 33, que dirigia o ônibus que caiu de um viaduto na avenida Brasil, no Rio de Janeiro, há dois dias, passará por uma cirurgia ortopédica nesta quinta-feira (4) em função de uma fratura no fêmur. Ele está internado no hospital Getúlio Vargas, na Penha, na zona norte da cidade.

Na tarde de ontem, o delegado da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro Costa da Silva, afirmou que Oliveira será indiciado por homicídio doloso, assim como o universitário Rodrigo dos Santos Freire, 25, que supostamente o agrediu --provocando o acidente. Ele vai pedir a prisão preventiva dos dois.

Freire está internado no hospital Miguel Couto, na zona sul, onde passou por uma cirurgia facial em razão de uma fratura na mandíbula. O quadro clínico é estável. Também no Miguel Couto, permanece internado em estado grave um homem de 41 anos, identificado apenas como Everaldo. Ele passou por cirurgia após sofrer politraumatismo.

No Getúlio Vargas, estão um jovem de 18 anos anos, cuja identidade não foi divulgada, que permanece em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com um traumatismo craniano, e a estudante Amanda Santana Silva, 17, que sofreu fratura no cóccix. A jovem apresenta quadro clínico estável.

O hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, recebeu uma mulher não identificada de aproximadamente 30 anos. Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde, ela sofreu diversas lesões na área do tórax, passou por cirurgia e está estabilizada na UTI.

Veja o local onde o ônibus caiu

  • Arte/UOL

Um homem de 86 anos que deu entrada no Getúlio Vargas após o acidente com traumatismo craniano leve foi transferido nesta quarta-feira (3) para o hospital da Aeronáutica, no Galeão, na zona norte. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a unidade até o momento.

Já no hospital Souza Aguiar, no centro, está internado em período de observação o paciente Leonardo Rodrigues do Vale. Seu estado de saúde é considerado estável.

"Motorista deveria ter parado o ônibus", diz delegado

Para o delegado José Pedro Costa da Silva, o motorista teve culpa no acidente que vitimou sete pessoas, pois deveria ter parado e buscado ajuda policial no momento em que começou a discutir com o passageiro Rodrigo dos Santos Freire.

"Um profissional no volante tem que estar preparado para esse tipo de problema. Pode haver insatisfação do passageiro. Então, qual é o papel correto do condutor de um veículo? É parar o veículo e buscar auxílio policial. Se ele quiser manter a discussão, que esteja com o veículo parado", disse.

"Ele [motorista] não pode de forma nenhuma conduzir um veículo em cima de um viaduto discutindo e brigando com um passageiro. Ele vai responder por essa ação. Agindo dessa forma, ele também assumiu o risco de produzir esse resultado", completou o delegado.

Na versão da Polícia Civil, Freire começou a discutir com o motorista depois que ele não parou o veículo no local em que o estudante queria descer. O jovem teria pulado a roleta e agredido o condutor com chutes no momento em que o ônibus subia o viaduto Brigadeiro Tromposwki, no sentido Ilha do Governador. André Luiz Oliveira perdeu a direção, e o ônibus despencou de uma altura de cerca de 20 metros.

Inquérito

O delegado da 21ª DP disse ainda que o inquérito será longo (ele tem prazo de 30 dias para encaminhá-lo ao Ministério Público), mas já está praticamente encerrado. "Eu preciso só terminar com as oitivas das vítimas nos hospitais. Está praticamente encerrado. Eu tenho a autoria e a materialidade."

Para Silva, não há dúvidas quanto ao suposto ato de violência atribuído ao estudante de engenharia: "Tenho testemunhas que reconheceram o Rodrigo como sendo o agressor e a pessoa que estava discutindo com o motorista."

Polícia solicitou imagens das câmeras da CET

A Polícia Civil solicitou as imagens das câmeras de trânsito da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego) a fim de tentar elucidar as circunstâncias do acidente. O material ainda não foi encaminhado, segundo o delegado.

Em relação ao processo de investigação, o Silva disse considerar que o vídeo em questão não será decisivo para a conclusão dos trabalhos.

Já as imagens da câmera interna do ônibus, que seriam decisivas para comprovar se houve, de fato, a agressão do universitário, não estão à disposição da polícia. "Não tenho as imagens. Acho que vai ser muito difícil, pois os equipamentos se esfacelaram. O chip está sumido. Não consegui encontrá-lo", disse.