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Tacógrafo de ônibus que caiu no Rio será periciado nesta quinta-feira

O tacógrafo e a câmera de segurança do ônibus que caiu de um viaduto no Rio de Janeiro são exibidos em uma mesa na 21º DP (Bonsucesso) - Hanrrikson de Andrade/UOL
O tacógrafo e a câmera de segurança do ônibus que caiu de um viaduto no Rio de Janeiro são exibidos em uma mesa na 21º DP (Bonsucesso) Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Carolina Farias*

Do UOL, no Rio

04/04/2013 14h25

O tacógrafo (instrumento que mede a velocidade de um veículo) do ônibus que caiu, há dois dias, de um viaduto da avenida Brasil, no Rio de Janeiro, será analisado nesta quinta-feira (4) por peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), segundo informou o delegado da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa Silva.

A polícia trabalha com a hipótese de que o motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33, estava em "velocidade incompatível" com a via no sentido Ilha do Governador do viaduto Brigadeiro Trompowski, cujo limite é de 60 km/h. O condutor e o universitário Rodrigo dos Santos Freire, 25, que é acusado de ter agredido o motorista e provocado o acidente, foram indiciados por homicídio doloso.

O titular da 21ª DP afirmou que os dois pedidos de prisão preventiva serão encaminhados ainda nesta quinta-feira. Se a Justiça aceitar, o rodoviário e o estudante ficarão presos sob custódia, uma vez que ambos estão hospitalizados.

A tese de que Oliveira estaria em alta velocidade é sustentada a partir de depoimentos ouvidos pelo delegado. "Tenho informações de várias testemunhas que ele estava trafegado em alta velocidade. (...) Entendo que cada um com a sua conduta assumiu o risco de produzir aquele acidente", disse Silva.

No entanto, para o vice-presidente do Sintraturb, Sebastião José da Silva, tal hipótese seria "impossível", uma vez que o ônibus, por ser um veículo pesado, não teria poder de aceleração o suficiente para superar os 40 km/h em um viaduto.

"Do ponto de ônibus onde ele parou até o local do acidente ele rodou cerca de 200, 300 metros. Considerando que era a subida de um viaduto e um carro pesado, posso afirmar como profissional com 32 anos de carteira que ele devia estar no máximo a 35, 40 km/h", disse. "Não existe a possibilidade de ele estar em alta velocidade.

Veja o local onde o ônibus caiu

  • Arte/UOL

Feridos

André Luiz da Silva Oliveira, que dirigia o ônibus que caiu de um viaduto na avenida Brasil, passará por uma cirurgia ortopédica nesta quinta-feira (4) em função de uma fratura no fêmur. Ele está internado no hospital Getúlio Vargas, na Penha, na zona norte da cidade.

Já Rodrigo dos Santos Freire está internado no hospital Miguel Couto, na zona sul, onde passou por uma cirurgia facial em razão de uma fratura na mandíbula. O quadro clínico é estável. Também no Miguel Couto, permanece internado em estado grave um homem de 41 anos, identificado apenas como Everaldo. Ele passou por cirurgia após sofrer politraumatismo.

No Getúlio Vargas, estão um jovem de 18 anos anos, cuja identidade não foi divulgada, que permanece em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com um traumatismo craniano, e a estudante Amanda Santana Silva, 17, que sofreu fratura no cóccix. A jovem apresenta quadro clínico estável.

O hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, recebeu uma mulher não identificada de aproximadamente 30 anos. Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde, ela sofreu diversas lesões na área do tórax, passou por cirurgia e está estabilizada na UTI.


Marcílio Dias e Saracuruna Um homem de 86 anos que deu entrada no Getúlio Vargas após o acidente com traumatismo craniano leve foi transferido nesta quarta-feira (3) para o hospital da Aeronáutica, no Galeão, na zona norte. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a unidade até o momento.

Já no hospital Souza Aguiar, no centro, está internado em período de observação o paciente Leonardo Rodrigues do Vale. Seu estado de saúde é considerado estável.

"Motorista deveria ter parado o ônibus", diz delegado

Para o delegado José Pedro Costa da Silva, o motorista teve culpa no acidente que vitimou sete pessoas, pois deveria ter parado e buscado ajuda policial no momento em que começou a discutir com o passageiro Rodrigo dos Santos Freire.

"Um profissional no volante tem que estar preparado para esse tipo de problema. Pode haver insatisfação do passageiro. Então, qual é o papel correto do condutor de um veículo? É parar o veículo e buscar auxílio policial. Se ele quiser manter a discussão, que esteja com o veículo parado", disse.

"Ele [motorista] não pode de forma nenhuma conduzir um veículo em cima de um viaduto discutindo e brigando com um passageiro. Ele vai responder por essa ação. Agindo dessa forma, ele também assumiu o risco de produzir esse resultado", completou o delegado.

Na versão da Polícia Civil, Freire começou a discutir com o motorista depois que ele não parou o veículo no local em que o estudante queria descer. O jovem teria pulado a roleta e agredido o condutor com chutes no momento em que o ônibus subia o viaduto Brigadeiro Tromposwki, no sentido Ilha do Governador. André Luiz Oliveira perdeu a direção, e o ônibus despencou de uma altura de cerca de 20 metros.

Inquérito

O delegado da 21ª DP disse ainda que o inquérito será longo (ele tem prazo de 30 dias para encaminhá-lo ao Ministério Público), mas já está praticamente encerrado. "Eu preciso só terminar com as oitivas das vítimas nos hospitais. Está praticamente encerrado. Eu tenho a autoria e a materialidade."

Para Silva, não há dúvidas quanto ao suposto ato de violência atribuído ao estudante de engenharia: "Tenho testemunhas que reconheceram o Rodrigo como sendo o agressor e a pessoa que estava discutindo com o motorista."

Polícia solicitou imagens das câmeras da CET

A Polícia Civil solicitou as imagens das câmeras de trânsito da CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego) a fim de tentar elucidar as circunstâncias do acidente. O material ainda não foi encaminhado, segundo o delegado.

Em relação ao processo de investigação, o Silva disse considerar que o vídeo em questão não será decisivo para a conclusão dos trabalhos.

Já as imagens da câmera interna do ônibus, que seriam decisivas para comprovar se houve, de fato, a agressão do universitário, não estão à disposição da polícia. "Não tenho as imagens. Acho que vai ser muito difícil, pois os equipamentos se esfacelaram. O chip está sumido. Não consegui encontrá-lo", disse. (Com informações de Hanrrikson de Andrade, Gustavo Maia e Felipe Martins, no Rio de Janeiro)