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Operação prende 4 pessoas acusados de roubar R$ 30 mi no Paraná

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

24/04/2013 15h58

Uma operação desencadeada nesta quarta-feira (24) no Paraná prendeu quatro pessoas acusadas de roubar R$ 30 milhões de instituições financeiras em manobras com empresas abertas em nomes de “laranjas”.

Ao todo, a ação cumpre nove mandados de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão.

A operação Fênix, coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), é um desdobramento de duas outras, Hydra 1 e 2, realizadas em fevereiro passado e que se concentraram em Guarapuava (252 km a oeste de Curitiba).

Na cidade, vive o empresário André Maurício Hessel Lopes, apontado pelo Gaeco como líder da quadrilha. Ele foi preso nesta quarta em Cascavel (492 km de Curitiba). Além dele, a operação deteve Marinaldo José Rattes, Fernando Lacerda da Cunha, André Fabio Mendes, que os promotores apontam serem “agentes administradores da organização criminosa”.

Também considerado peça-chave no esquema, Luís Sérgio Seguro estava foragido por volta das 15h desta quarta. Os outros procurados não tiveram os nomes revelados pelo MPE.

Segundo o Gaeco, a quadrilha possui “dezenas de integrantes e atua em diversas cidades do Paraná, especialmente Guarapuava, Medianeira, Bandeirantes, Assis Chateaubriand, Ponta Grossa, Curiúva e Campo Mourão, bem como em outros Estados, como Santa Catarina (Lages)”.
Além das prisões, a operação Fênix denunciou à Justiça 18 pessoas por estelionato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Além dos detidos, integram a denúncia parentes dos acusados e “laranjas” do esquema criminoso.

“O grupo constituía empresas, que em seguida eram vendidas em operações de fachada a laranjas. No meio tempo, tomavam dinheiro de bancos, para comprar bens que em seguida eram vendidos. A quadrilha também passava adiante, para outras empresas do grupo, os bens dados como garantia aos bancos, impedindo a cobrança da dívida”, explicou Leonir Batisti, coordenador do Gaeco.

Segundo o MPE, já tramitam contra a quadrilha mais de dez ações penais com “aproximadamente uma centena de crimes”. Em fevereiro, quando desencadeou as operações Hydra 1 e 2, o Gaeco apreendeu bens pertencentes à empresa suspeita avaliados em mais de R$ 20 milhões. “Mas os prejuízos causados pelos crimes chegam a R$ 30 milhões”, afirmou Batisti.

Da operação Fênix, participam 65 policiais civis e militares que atuam em Guarapuava, Foz do Iguaçu, Cascavel e Londrina, com apoio de colegas de Santa Catarina. O material apreendido será encaminhado ao Gaeco de Guarapuava, onde será analisado e depois apresentado à Justiça.

Defesa diz ver “pirotecnia requentada”

Ao UOL, o advogado de Hessel Lopes, o criminalista Adriano Bretas, classificou a operação Fênix como “requentada”. “A operação Hydra 1 foi um fracasso, uma pirotecnia que não deu em nada. Para justificá-la, fizeram a Hydra 2, quando pela segunda vez a Justiça de Guarapuava negou a prisão [de Hessel Lopes]. Agora, ela é requentada, sem fato novo, mas sob um juízo de competência duvidosa”, disse.

Ele questiona o fato de a ordem de prisão preventiva de seu cliente ter sido emitida pela Justiça de Curiúva (195 km a noroeste de Curitiba), que fica a 309 km de Guarapuava. “Pelo que me informam, ainda de forma oficiosa, a operação foi deflagrada a partir de Curiúva. Já aí é possível questionar a autoridade da deflagração da prisão”, argumentou.

“A Justiça de Guarapuava sempre negou a prisão [de Hessel Lopes], pois ela nunca foi necessária. Meu cliente sempre se prestou a dar todos os esclarecimentos necessários”, disse Bretas.

“A discussão da competência [do juiz] deve ser feita no processo. Ingressamos em Curiúva pois lá houve eventos criminosos da quadrilha, e a juíza já recebeu denúncias contra essas pessoas”, falou Batisti, do Gaeco.

“Com relação à acusação, a prova inicial é fruto de quebra de sigilo fiscal sem autorização judicial, que foi considera ilícita pelo TJ [Tribunal de Justiça] do Paraná. Na decisão, o TJ considerou que o Gaeco de Guarapuava extrapolou seus limites. Além disso, a denúncia por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime fiscal foi rejeitada pelo juiz de primeiro grau”, afirmou o advogado.

O UOL ainda não conseguiu contato com os advogados dos demais presos.