Não houve tempo de investigar outro ex-policial suspeito da morte de Eliza, diz ex-delegado
O ex-delegado Edson Moreira, que chefiou as investigações sobre o sumiço de Eliza Samudio, disse nesta quinta-feira (25) que não chegou a complementar investigação sobre um ex-policial suspeito de participação no crime. Atualmente, o ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, é alvo de investigação feita Polícia Civil mineira.
Moreira teve o depoimento retomado na manhã de hoje no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde se desenrola o quarto dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, condenado a 22 anos de prisão por ser o mandante do crime .
“Ele [Zezé] surgiu no final das investigações. Em tempo oportuno, seria feita essa investigação suplementar”, disse o ex-delegado, ao retratar conversa que teria tido com Gustavo Fantini, o promotor que cuidava do caso Eliza à época. Moreira disse não saber que rumo tomou a investigação.
“Mais outros casos apareceram, saí de férias e me afastei da atividade policial”, resumiu Moreira, que atualmente é vereador em Belo Horizonte pelo PTN. Uma das principais críticas da defesa é o fato de o julgamento de Bola estar sendo feito com a investigação da Polícia Civil mineira sobre Zezé e outro ex-policial ainda em andamento.
Ércio Quaresma, advogado de defesa, ironizou e perguntou ao delegado se o promotor também teria se esquecido de investigar por causa de ter outros casos em mãos. “O senhor está deturpando minhas palavras’, retrucou o ex-delegado. Após ter dito isso, Moreira pediu para ir ao banheiro. Na retomada do seu depoimento, não houve mais perguntas sobre o assunto.
Zezé chegou a ser ouvidos pelos delegados que cuidaram do inquérito. Apesar de haver inúmeras ligações feitas entre o ex-policial e alguns dos réus, no dia 10 de junho de 2010, citado como sendo o da morte de Eliza, a polícia não o indiciou no caso. A polícia constou no inquérito os números dos telefones depois de ter tido autorização da Justiça para a quebra do sigilo telefônico.
Bate-boca
Quaresma e o ex-delegado, que são desafetos, trocaram palavras ríspidas e chegaram a bater boca durante o depoimento, levando a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri, a chamar a atenção do advogado, dizendo que ele estava dirigindo “palavras intimidatórias” à testemunha.
“O cara está achando que ainda é delegado”, disse Quaresma. A juíza voltou a chamar a atenção do advogado, determinado a ele que não se dirigisse à testemunha com esses termos considerados provocativos. “Eu estou me sentido provocado”, disse Moreira, referindo-se ao fato de que Quaresma se postou às suas costas, dentro do plenário, para lhe fazer as perguntas.
Em outro momento, o ex-delegado disse que estava se sentido "intimidado" pelo advogado de Bola e pediu para ir ao banheiro novamente. A magistrada ainda pediu aos advogados que acompanham Quaresma que não se manifestassem e não dirigissem "palavras irônicas" à testemunha.
Celular da juíza toca
Outro fato inusitado foi o momento em que o celular de Marixa Rodrigues tocou durante os trabalhos, levando a magistrada a pedir desculpas às pessoas no plenário. Ontem, ela tinha chamado a atenção de um estagiário por causa de o telefone celular dele ter tocado durante a sessão.
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