Topo

PM quer evitar 'falsa sensação de insegurança' em Santa Catarina

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

27/05/2013 15h41

A Polícia Militar de Santa Catarina informou nesta segunda-feira (27) que está fazendo uma triagem dos casos de violência no Estado para não passar falsa sensação de insegurança à população. Suspeita-se de que desde o último dia 20 a facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) tenha retomado os ataques ao transporte coletivo e prédios públicos, na terceira onda de violência enfrentada pelo Estado em sete meses. Os ataques anteriores aconteceram em novembro de 2012 e em janeiro e fevereiro deste ano.

Segundo a coronel Claudete Lemhkuhl, de 13 incidentes com a assinatura típica do PGC ocorridos nesta nova onda, somente três foram confirmados como de autoria da facção. Foram os incêndios de ônibus em São José e Criciúma e o de uma moto em Gaspar, todos na semana passada. Os demais a polícia ainda está investigando a autoria - a alternativa pode ser considerá-los atos de vandalismo.

Na madrugada desta segunda, em Joinville (194 km de Florianópolis), um ataque diferente: quatro homens atacaram uma residência no bairro Itinga, jogando combustível sob a porta da garagem, incendiando um carro e parte da casa. Este ataque foi colocado no rol dos suspeitos de autoria do PGC. Não houve feridos.

Outros cinco incidentes ocorridos nesse fim de semana ainda estão sendo investigados. Entre eles, a tentativa de incêndio de um ônibus em Joinville e tiros desferidos na delegacia de Blumenau, na noite de domingo.

Revistas íntimas humilhantes

A PM decidiu manter as escoltas noturnas de linhas de ônibus de bairros isolados em Joinville e Balneário Camboriú. As cadeias de Florianópolis e Blumenau continuam com o reforço de policiamento provido por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, em ação no Estado desde 16 de fevereiro último - eles ajudaram a debelar a segunda onda, a mais violenta delas, com 111 ataques em 36 cidades.

A terceira onda de violência começou com um ataque incendiário a um ônibus em São José, na Grande Florianópolis, no qual os atacantes deixaram um DVD explicando as razões da retomada dos ataques.

Segundo eles, agentes do Deap (Departamento de Administração Prisional) estariam aplicando revistas íntimas humilhantes nas mulheres e até mães dos presos, na cadeia de São Pedro de Alcântara. Esta unidade abriga 800 presos suspeitos de pertencerem ao PGC, entre seus 1.200 detentos.

Duas ondas, 170 ataques

Nas duas ondas de ataques anteriores, os presos alegaram estar sofrendo maus tratos e torturas por parte dos agentes. Em represália, eles comandaram de dentro das cadeias 170 ataques nas ruas de 43 cidades, destruindo 72 ônibus.

Na última sexta-feira (24), o Ministério Público Estadual confirmou a versão dos presos de tortura por agentes do Deap, ao oferecer denúncia à Justiça contra 16 deles, ainda pelos incidentes de novembro.

O diretor do Deap, Leandro Lima, foi acusado de tortura por omissão (como chefe, deveria tê-las evitado) e 11 por agressões aos presos em São Pedro de Alcântara. Lima continua no cargo pelo menos até amanhã, quando a Secretaria de Justiça e Cidadania (que controla o Deap),deve se pronunciar sobre as acusações ao servidor.

Em 2012, facção mandou parar ataques de dentro de presídio