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Polícia encontra isqueiro e frasco de álcool em clínica de dentista queimado

Janaina Garcia

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

28/05/2013 20h29

Um isqueiro preto e um frasco com álcool a 92% foram encontrados na noite desta terça-feira (28) pela Polícia Civil de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) durante uma varredura na clínica em que o dentista Alexandre Gaddy, 41, foi atacado e queimado por dois suspeitos na noite desta segunda (27).

Gaddy foi alvo de tentativa de assalto por volta das 21h e teve 60% do corpo queimado. Internado em estado grave na Santa Casa local, ele corre risco de morte, segundo o hospital.

Em entrevista ao UOL, o delegado que chefia as investigações na DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Osmar Henrique de Oliveira, afirmou que não está descartada a possibilidade de Gaddy ter reagido ao assalto, uma vez que, ainda que nada tenha sido levado pelos assaltantes, as sacolas com objetos do consultório foram deixadas intactas pela dupla.

“Apreendemos um isqueiro preto no banheiro do consultório e que pode ter sido usado pelos marginais --é semelhante ao que usam para queimar droga, por exemplo-- e um frasco com álcool a 92% que não era o de uso no consultório, que era a 75% e do qual havia três frascos intactos”, declarou.

Band acompanha perícia em consultório de dentista 

Oliveira esteve no consultório de Gaddy pela primeira vez ainda ontem, por volta das 22h, quando foi feita a perícia no local. Conforme o policial, nova perícia será pedida à Polícia Científica para ainda esta semana.

Pela posição em que Gaddy foi encontrado pela enfermeira e pelo polidor, também morador da vizinhança --no corredor da clínica, nu e de joelhos--, e pelas marcas de fogo encontradas no banheiro, a polícia acredita que o dentista tenha sido amarrado a uma cadeira antes do ataque.

Além de documentos queimados, jogados no lixo do sanitário, uma nota de R$ 100 parcialmente destruída pelo fogo e que seria do dentista também foi deixada pelos assaltantes.

“Estamos em busca de imagens, vamos ouvir quatro testemunhas-chave [a mulher do dentista, a secretária dele e dois vizinhos que auxiliaram nos primeiros socorros] e temos relatos sobre um carro suspeito nas imediações após o crime”, concluiu o delegado, segundo qual o dia chuvoso em São José atrapalhou este primeiro dia de investigações.

O policial contou que foi tanto à Santa Casa quanto ao pronto-socorro onde o dentista foi inicialmente atendido, desde as primeiras horas do dia, tentar ouvi-lo sobre o caso. Em ambas as situações, os médicos negaram a possibilidade em função da gravidade do quadro.

“Só ele [Gaddy] poderá dizer se houve algum desacerto que justifique o fato de os bandidos o terem atacado aparentemente depois de arrumarem tudo que seria levado, em sacolas, e isso ter sido deixado. Assim que ele puder falar, imediatamente o ouviremos”, concluiu o delegado.

Testemunhas são ouvidas

A secretária do dentista negou que a segurança do local fosse frágil, como dissera mais cedo um paciente de Gaddy. “O interfone não estava mesmo funcionando; quebrou faz coisa de dois meses. Mas tanto eu como ele achávamos mais seguros até o paciente chamar do portão, que ficava trancado, e irmos abrir”, disse. “Depois que aquela dentista foi morta em São Bernardo, ficamos com medo”, comparou.

Já o polidor de automóveis relatou que passava pelo local, próximo ao horário em que o crime ocorreu, quando ouviu “um barulho seguido por gritos de socorro”. “Achei que era um assalto. Entrei, porque o sujeito gritava ‘socorro, socorro, me ajuda’, e quando vi, chamei um PM vizinho amigo meu e voltamos. Aí a enfermeira estava ajudando a atender”, contou. “Foi uma judiação o que fizeram, foi muita brutalidade, coisa de cortar o coração. Não dormi a noite toda com essa imagem na cabeça”, desabafou.

Amparada pelo pai e bastante abatida, a mulher de Gaddy entrou para depor por volta das 19h.