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"Foi de cortar o coração", diz homem que ajudou dentista queimado no interior de SP

Janaina Garcia

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

28/05/2013 20h00Atualizada em 28/05/2013 22h04

Policiais da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) começaram a tomar na noite desta terça-feira (28) os depoimentos das quatro testemunhas consideradas chave na investigação sobre o ataque a um dentista na zona leste da cidade. Alexandre Gaddy, 41, teve 60% do corpo queimado durante uma suposta tentativa de assalto e está internado em estado grave.

Na lista de depoentes, estão a mulher do dentista, o polidor Mauro Duarte, 36, a secretária da clínica, Jéssica Ellen Ribeiro, 21, e uma enfermeira, vizinha do local, que prestou os primeiros socorros à vítima ao lado de Duarte antes de a polícia chegar. O nome dela não foi informado pela polícia.

Funcionária da clínica há cerca de um mês, Jéssica, ainda assustada, negou que a segurança do local fosse frágil, como havia dito mais cedo um paciente de Gaddy e até a polícia, segundo a qual as câmeras de segurança do dentista não funcionavam, assim como o interfone.

Onde fica São José dos Campos

“O interfone não estava mesmo funcionando; quebrou faz coisa de dois meses. Mas tanto eu como ele achávamos até mais seguro o paciente chamar do portão, que ficava trancado, e então íamos abrir”, disse. “Depois que aquela dentista foi morta em São Bernardo, ficamos com medo”, citou a jovem.

Já o polidor de automóveis relatou que passava pelo local ontem à noite, próximo ao horário em que o crime ocorreu, a caminho da casa de um amigo. Morador do bairro desde os seis anos, Duarte disse ter ouvido “um barulho seguido por gritos de socorro”.

“Achei que era um assalto. Entrei na clínica, porque o sujeito gritava ‘socorro, socorro, me ajuda’, e quando vi, chamei um PM vizinho amigo meu e voltamos. Aí a enfermeira estava ajudando a atendê-lo”, declarou. “Foi uma judiação o que fizeram, foi muita brutalidade, coisa de cortar o coração. Não dormi a noite toda com essa imagem na cabeça”, desabafou o polidor.

Band acompanha perícia em consultório de dentista 

Perto das 19h30, Duarte aguardava uma carona de policiais para retornar para casa. “Não tenho dinheiro para voltar e ainda temo pelo meu emprego. Espero que o patrão entenda que estava ajudando”, falou.

Amparada pelo pai e bastante abatida, a mulher de Gaddy, Suellen, entrou direto para depor por volta das 19h.

Imagens

“Não temos ainda imagens dos suspeitos”, afirmou o delegado que chefia a investigação, Osmar Henrique de Oliveira, contradizendo informação prestada mais cedo pela Delegacia Seccional da cidade.

“Mas temos relatos sobre um carro com dois homens em atitude suspeita deixando o local próximo ao horário do crime. Temos cor e modelo do carro e faremos operação hoje à noite em locais onde podem haver pessoas com habilidades para esse tipo de crime –a partir de outras ocorrências violentas que já atendemos”, afirmou.