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Celular de dentista queimado em SP passa por perícia; polícia quer acesso a 'conversas recentes'

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

29/05/2013 12h27Atualizada em 29/05/2013 13h22

Uma testemunha revelou em depoimento prestado na noite dessa terça-feira (28) à Polícia Civil em São José dos Campos (97 km de São Paulo) que o dentista Alexandre Peçanha Gaddy, 41, pode ter sido atacado por criminosos após retirar um celular do próprio bolso. Para a polícia, a ação pode ter sido interpretada pelos bandidos como reação à tentativa de assalto ocorrida na noite de segunda (27) na clínica de Gaddy, na zona leste. O aparelho foi encaminhado para perícia.

Segundo o delegado que chefia as investigações pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Osmar Henrique de Oliveira, a perícia no celular da vítima tentará buscar as degravações das ligações mais recentes --feitas e recebidas.

"Queremos saber se há alguma conversa recente que ajude a explicar a autoria desse ataque", disse Oliveira na tarde desta quarta (29).

 

 

 

 

Band acompanha perícia em consultório de dentista 

O dentista está internado na Santa Casa de São José dos Campos em estado grave. Ele teve pelo menos 60% do corpo atingido por queimaduras graves, e, conforme a direção do hospital, corre risco de morte.

Ontem, o delegado havia adiantado ao UOL que não estava descartada a hipótese de o dentista ter sido atacado após reagir à ação, já que o incêndio ocorreu após os bens terem sido separados pela dupla de assaltantes, que não os levou.

Também hoje, o chefe da Delegacia Seccional da cidade, Leon Nascimento Ribeiro, disse que a testemunha que relatou a conversa com a vítima é uma enfermeira vizinha ao consultório, no bairro de Tatetuba (zona leste), primeira pessoa a encontrar Gaddy após o crime.

Onde fica São José dos Campos

Segundo o delegado, a mulher disse ter entrado ao ouvir gritos de socorro vindos da clínica. Lá, encontrou o dentista agonizando, já com as roupas completamente queimadas, e teria ouvido dele que os bandidos jogaram álcool e o incendiaram quando ele retirava o celular do bolso.

“Ela disse que ele conversou rapidamente e contou que dois homens encapuzados tentaram violar o consultório. Relatou também, segundo a testemunha, que retirou o celular do bolso e os homens vieram com uma garrafa de álcool e o incendiaram –mas não disse por que tirou o celular do bolso”, afirmou Ribeiro.

Tanto o celular de Gaddy quanto um notebook, aliança e outros bens que seriam levados pelos criminosos, segundo a polícia, foram deixados em sacolas depois do incêndio.

A enfermeira foi uma das quatro testemunhas consideradas chave ouvidas na noite dessa terça pela polícia para se chegar à autoria e à motivação do crime. Além dela, também depuseram o polidor Mauro Duarte, 36, morador da vizinhança e que ajudou no socorro ao dentista, junto com a outra vizinha; a mulher da vítima e a secretária do consultório.

“Os depoimentos não trouxeram nada que nos ajudasse sobre a motivação para esse crime”, concluiu o delegado, segundo o qual outras pessoas serão ouvidas ainda esta semana.

Os policiais também estão em busca de imagens de câmeras de segurança das proximidades que mostrem os suspeitos –uma vez que as câmeras da clínica não estavam funcionando. Uma operação realizada durante a noite não localizou o carro que teria sido usado pela dupla na fuga.

Uma nova perícia deverá ser pedida pela DIG na clínica de Gaddy. Ontem, uma varredura no local encontrou uma garrafa de álcool a 92% --diferente do utilizado pelo dentista --e um isqueiro preto.  

Além da DIG, policiais da capital também estão ajudando nas investigações com equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e do Deic (Departamento de Investigações Criminais).