Motoristas de vans protestam contra milícias em enterro de homem morto por se recusar a pagar taxa
Motoristas de vans da cooperativa Rio da Prata fizeram um protesto durante o enterro do colega de profissão Rodrigo César da Conceição, 37, nesta segunda-feira (10), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo os motoristas, Conceição foi assassinado por milicianos, no sábado (8), depois de ter se recusado a pagar uma taxa semanal para trabalhar.
Os manifestantes carregavam uma faixa com a foto do ex-PM Toni Ângelo Souza Aguiar, o "Toni Ângelo", apontado como chefe da maior milícia da zona oeste da cidade, a Liga da Justiça. De acordo com o presidente da cooperativa Rio da Prata, César Moraes Gouveia, a vítima acabou "pagando com a vida" por se contrapor às ordens "ditadas" pelos milicianos.
A taxa cobrada pelos criminosos é conhecida como "pedágio", e constitui uma prática antiga dos grupos paramilitares que dominam principalmente bairros da zona oeste da capital fluminense. Em entrevista à "TV Globo", Gouveia, que já havia feito denúncias sobre supostas ameças e extorsões praticadas por milicianos no ano passado, afirmou que outros motoristas já foram assassinados por integrantes da Liga da Justiça.
"Eles querem que paguemos pedágio, mas nos recusamos. Tentam cobrar até R$ 300 por semana, mas não nos deixamos extorquir. (...) Estão tentando nos intimidar com ameaças de morte e de incendiar os veículos. Chegam fardados e armados, aterrorizando os trabalhadores", disse ele em outubro de 2012, quando foi testemunha no julgamento de Luciano Guinâncio Guimarães, ex-policial ligado à Liga da Justiça e filho do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho, preso desde 2008 por sua ligação com a milícia.
A Liga da Justiça, alvo de vários investigações da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) e do Ministério Público, lucraria até cerca de R$ 6 milhões explorando serviços clandestinos e cobrando taxas em pelo menos cinco bairros da zona oeste, segundo investigações da Polícia Civil e do MP que levaram à operação "Pandora Dois", deflagrada em dezembro do ano passado.
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