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Facção criminosa sequestra e faz refém mulher de traficante rival, diz polícia de Santa Catarina

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

18/06/2013 14h36

A polícia de Santa Catarina afirmou acreditar que a facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) mantém refém uma adolescente de 16 anos para trocá-la pelo marido dela, o traficante rival Dedé da Palhoça, de 28 anos. O sequestro aconteceu na Grande Florianópolis, por volta das 18h dessa segunda (17). Até as 14h desta terça (18), a polícia não havia conseguido localizá-la.

Segundo testemunhas contaram à polícia, homens encapuzados tripulando quatro carros pegaram a jovem à força numa rua de Palhoça, na Grande Florianópolis. Horas mais tarde, ela ligou para a família dizendo que os sequestradores a libertariam em troca de Dedé.

Dedé está protegido pela polícia, que suspeita que ele será executado caso seja encontrado pelo PGC. Segundo as autoridades, o objetivo da ação da facção seria vingar o assassinato do filho do chefão Rodrigo da Pedra, Gabriel de Oliveira, 15, morto no último dia 4 na atual disputa pelos pontos de droga no morro do Horácio, base do PGC em Florianópolis

O morro está sem controle desde que Rodrigo da Pedra foi transferido da cadeia de São Pedro (SC) para uma em Mossoró (RN), em fevereiro, no auge da segunda onda de violência em Santa Catarina, comandada pelo PGC de dentro das cadeias.

O PGC diz que Dedé está por trás das mortes de Gabriel e dos amigos Júlio César Thibes, de 25, e Augusto Chagas, de 22, porque familiares e amigos dos três sabiam que eles tinham ido a Palhoça para um encontro com Dedé.

No dia seguinte, os três foram encontrados numa cova rasa às margens do rio Maciambú, mortos com tiros na cabeça. Apesar das suspeitas de bandidos e policiais apontarem para a turma do Dedé, a polícia ainda não identificou os assassinos.

Ondas de violência

Rodrigo da Pedra é o líder do PGC acusado pela Polícia Civil de deflagrar a primeira onda de violência em Santa Catarina, enquanto preso na cadeia de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, cumprindo pena por narcotráfico.

Teria partido dele a ordem para matar a mulher do diretor da cadeia, Carlos Alves, estopim da crise, em outubro de 2012. Em novembro, Rodrigo denunciou à Vara de Execuções Penais ter sofrido torturas nas mãos de Alves.

A polícia diz acreditar que foi Rodrigo quem mandou gravar e distribuiu para jornalistas o primeiro vídeo com violência dos agentes do Deap (Departamento de Administração Prisional) contra detentos em São Pedro de Alcântara, durante a primeira onda de violência.

Em fevereiro, já durante a segunda onda, Rodrigo da Pedra estava entre os 40 líderes do PGC transferidos para cárceres fora do Estado pela Força Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.

A remoção dos líderes que comandavam fez os ataques cessarem, depois de 170 incidentes em 46 cidades, resultando em 72 ônibus incendiados.