No DF, grupo joga rojões em direção à PM, que reage com gás; um manifestante é preso
Um grupo de manifestantes jogou bombinhas e rojões em direção ao cordão de isolamento que a Polícia Militar faz ao redor do Congresso Nacional, em Brasília. A PM reagiu com gás pimenta e, agora, também gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão.
Há alguns pequenos focos de incêndio devido às bombas, semelhantes às usadas em festas juninas.
Às 19h, a Polícia Militar afirmou que já havia cerca de 30 mil pessoas na manifestação. O protesto começou por volta das 17h desta quinta-feira (20) e vinha sendo pacífico até esse horário.
Após o confronto, um manifestante foi preso ao tentar invadir o prédio do Congresso. O manifestante, de cerca de 30 anos, disse que ia gabinete da deputada Érica Kokay (PT-DF).
Além do cordão externo de isolamento, a PM fez um novo cordão sobre a rampa de acesso ao Congresso. A PM também impede a chegada ao Palácio do Planalto, sede do poder Executivo.
Os manifestantes também provocam os policiais jogando água do espelho d'água que fica em frente ao Congresso Nacional.
O policiamento foi reforçado e pelo menos quatro cachorros da polícia estão na marquise do Congresso Nacional para impedir a entrada de manifestantes. Bombeiros também se postaram sobre a laje do prédio.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, três manifestantes estão reunidos com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o presidente interino da Câmara, André Vargas (PT-PR).
Políticos hostilizados
O aglomerado de manifestantes em frente ao Congresso Nacional hostiliza, em gritos de guerra e cartazes, alguns dos políticos brasileiros. Eles cantaram o Hino Nacional e bradaram palavras de ordem contra os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), atual presidente do Senado.
O PT, partido da presidente Dilma Rousseff, também foi hostilizado: "Uh, cadê, o PT sumiu", gritaram os ativistas -- entre eles, a reportagem do UOL não localizou bandeiras de partidos.
Entre os manifestantes presentes ao ato, muitos protestam contra a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 37, que limita os poderes de investigação do Ministério Público.
É o caso dos estudantes, Lucas Sarkas, 22 anos, e Lucas Soares Neves, 20 anos. Neves disse esperar que as manifestações tenham como prioridade o combate à aprovação da PEC 37, motivo que o levou à manifestação hoje.
Hoje, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que a votação da PEC 37 foi adiada e que o grupo de trabalho deve reunir-se na terça-feira (25) para definir o texto e uma nova data.
A auxiliar odontológica Máiade Assis Lepesquer, 25 anos, Veio protestar contra a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Ela espera que o movimento, daqui para a frente, saiba se unir em torno de reivindicações únicas e um ideal comum "educação, saúde e transporte".
Entre os cartazes exibidos no ato, há protestos contra a PEC 37, contra a corrupção e contra a roubalheira, entre outros.
Alguns dos gritos de guerra entoados pelos manifestantes se dirigem aos policiais, como "ei, soldado, você tá do lado errado" e "ei você aí fardado, você já foi roubado". Também há brados de "sem violência" e contra a imprensa, chamada de "mídia, fascista, sensacionalista".
Quinto dia de protestos
A capital federal vive hoje o quinto dia de protestos em menos de uma semana.
O primeiro ocorreu na sexta-feira passada, na véspera do jogo de abertura da Copa das Confederações no Estádio Nacional Mané Garrincha, em que houve queima de pneus na via que fica ao lado do estádio. Cinco pessoas foram presas.
Em seguida, houve um protesto no dia do jogo entre Brasil e Japão, duramente reprimido pela Polícia Militar. Pelo menos duas manifestantes que participaram do protesto em frente ao estádio foram atingidas na cabeça por balas de borracha disparadas pela PM.
Na última segunda-feira, o maior protesto da série reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a PM. Manifestantes desceram pelo Eixo Monumental e ocuparam a marquise do Congresso Nacional, onde permaneceram por cinco horas.
Ontem, o protesto reuniu cerca de 1.300 pessoas, segundo a Polícia Militar. A principal bandeira dos manifestantes, que se concentraram na rodoviária do Plano Piloto, era a tarifa zero no transporte público no DF.
Governo diz que renova frota
Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (19), o governador Agnelo Queiroz afirmou que o governo da unidade federativa está renovando a frota de ônibus do DF e garantiu que a tarifa não irá aumentar.
"Agnelo Queiroz lembrou as melhorias que estão em curso no transporte público, como a licitação para renovação de toda a frota de ônibus do Distrito Federal, o que segundo ele "vai permitir um transporte digno de qualidade", sem aumento de tarifa", afirma a nota do GDF.
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