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Após tentativa de invasão de shopping, protesto no DF termina com ao menos 34 presos

Policial dispara bomba de gás lacrimogêneo durante protesto que reuniu manifestantes de vários segmentos na Esplanada dos Ministérios,em Brasília - Eraldo Peres/AP Photo/
Policial dispara bomba de gás lacrimogêneo durante protesto que reuniu manifestantes de vários segmentos na Esplanada dos Ministérios,em Brasília Imagem: Eraldo Peres/AP Photo/

Aiuri Rebello e Débora Melo

Do UOL, em Brasília

26/06/2013 23h02Atualizada em 27/06/2013 03h32

O protesto de Brasília, que começou pacífico nesta quarta-feira (26), terminou com ao menos 34 detidos --30 adultos e 4 menores, segundo a Polícia Militar.

No gramado do Congresso Nacional, a PM lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que provocavam os policiais jogando rojões no cordão de isolamento. Após essa primeira dispersão, os manifestantes voltaram e, então, os PMs reagiram com truculência, jogando mais bombas de gás e spray de pimenta contra os ativistas. Ao menos 14 pessoas foram detidas na Esplanada dos Ministérios, segundo a polícia.

Com a dispersão, alguns manifestantes chegaram ao shopping Pátio Brasil, na Asa Sul, e, ao tentar invadi-lo, quebraram ao menos uma vidraça. A PM deteve mais 20 pessoas pelo vandalismo no centro comercial.

Ainda na Esplanada, a reportagem do UOL presenciou policiais dando tapas no rosto de manifestantes e jogando spray de pimenta à queima-roupa. Carros da polícia também passaram sobre o gramado da Esplanada, dando "cavalos de pau" e assustando os manifestantes --houve correria.

O início do tumulto ocorreu por volta das 21h, quando vários rojões foram jogados sobre os PMs: alguns caíram no espelho d'água do Congresso, outros estouraram no meio do efetivo. Manifestantes também jogaram garrafas d'água e latas nos agentes. Após os ataques aos PMs, a maioria dos manifestantes vaiava e gritava palavras de ordem como "baderneiro filho da p***, não estraga a nossa luta".

Sobre a atitude da PM, o coronel Zilfrank Antero disse que a polícia só se dirigiu aos manifestantes "baderneiros". "Os que ficaram lá [depois das primeiras bombas de gás] são os baderneiros. Os manifestantes de bem foram embora", declarou.

O servidor público Paulo César Guedes, 26, estava sentado com amigos na Esplanada na hora da dispersão. Segundo ele, um carro policial acelerou e depois freou em cima do grupo. Um dos PMs gritou "quer morrer, filho da p***?", enquanto outro jogava spray de pimenta no rosto dele. "Sempre achei que os protestos tinham que ser pacíficos, mas a polícia está agindo de forma truculenta, desproporcional. Eu não estava agredindo ninguém, não estava depredando o patrimônio público, não estava fazendo nada. Foi muito cruel."

Após a ação da PM, outros manifestantes ofereceram água e vinagre a Paulo César, que tinha dificuldades para respirar.

A Polícia Militar do DF estimou, no auge da manifestação, que 5.000 pessoas ocuparam o gramado em frente ao Congresso Nacional. Entre os gritos de guerra, estão "pula, sai do chão contra a corrupção", "Sarney, ladrão, devolve o Maranhão" e "fora, Renan".

A manifestação começou por volta das 16h, com 600 pessoas, e aumentou com um grupo que veio do estádio Mané Garrincha, no início da noite. Vias foram interditadas para o protesto.

Um policial de trânsito foi atropelado quando tentava administrar o trânsito no Eixo Monumental.

Reuniões no Congresso

A manifestação de hoje na cidade ocorre num momento em que a presidente Dilma, o Congresso e a Justiça adotam uma agenda "positiva" em resposta às ruas. 

Nesta quarta, manifestantes se reuniram com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Eles deixaram o Senado sem apresentar reivindicações, mas marcaram uma nova reunião com o chefe de gabinete de Renan para amanhã às 18h. Até lá, devem estudar uma pauta unificada de reivindicações.

Na Câmara, os manifestantes apresentaram duas pautas de reivindicações e saíram com uma promessa do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de trabalhar para "enterrar" o projeto conhecido como "cura gay"