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Atingido por cinzeiro em protesto no Rio reconhece sobrinho de empresário de ônibus como autor

Manifestação em frente ao Hotel Copacabana Palace deixa o jovem Ruan Martins, 24, ferido por cinzeiro atirado por convidado da varanda do hotel - Murilo Rezende/Futura Press
Manifestação em frente ao Hotel Copacabana Palace deixa o jovem Ruan Martins, 24, ferido por cinzeiro atirado por convidado da varanda do hotel Imagem: Murilo Rezende/Futura Press

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

16/07/2013 15h58

O jovem atingido por um cinzeiro durante manifestação no último sábado (13) em frente ao Copacabana Palace, na zona sul do Rio, reconheceu o suposto agressor em depoimento na tarde desta segunda-feira (15) na delegacia do bairro da zona sul do Rio. Ruan Martins Nascimento, 24, apontou Daniel Barata, sobrinho do empresário Jacob Barata, conhecido como “Rei do Ônibus” como a pessoa que lhe causou o ferimento na cabeça.

A informação é do delegado titular da 12ª DP, José Willian de Medeiros. “Foram apresentadas fotos do investigado, e ele o reconheceu de imediato como o agressor”. Segundo o titular da distrital, Daniel Barata já foi convocado para prestar depoimento e deve ser ouvido ainda essa semana.

A advogada da vítima, Eloisa Samy, informou ainda que entrará na Justiça com ação indenizatória contra o hotel Copacabana Palace. “Eu tenho certeza que o hotel tem responsabilidade objetiva por ter sido o local onde a agressão ocorreu. Isso [a ação] será feito nos próximos dias”, afirmou.

O sobrinho do empresário foi visto jogando “um aviãozinho” feito com uma nota no valor de R$20  na direção dos manifestantes. Ele foi procurado pela reportagem do UOL, mas até às 15h não houve retorno por meio de seus advogados. A reportagem tentou contato ainda com o Copacabana Palace, mas também não houve resposta.

Quadrilha

Ainda no local do acidente, em entrevista ao canal da internet “Mídia Ninja”, o jovem contou que imaginou a princípio que tivesse sido atingido por uma bomba disparada pela PM. “Eu primeiro ouvi um barulho muito forte e depois um estouro. Eu caí no chão. Pensei que tivesse sido o Choque [Batalhão de Choque]”, disse. “Eu vi que não tinha polícia nenhuma e tinha sido um cinzeiro.”

O jovem atingido foi atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Copacabana, onde levou seis pontos no local do ferimento.

O protesto foi convocado via Facebook contra o atual sistema de transporte público. O empresário Jacob Barata ficou conhecido como “Rei do Ônibus” no Rio de Janeiro. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, o grupo de Barata tem participação em nove empresas do transporte rodoviário espalhadas em todas as regiões da capital fluminense.

Mapa dos protestos

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A manifestação começou na Igreja da Ordem Terceira, na Tijuca, zona norte da cidade. Quando da chegada dos convidados, os manifestantes simulavam uma formação de quadrilha de festa junina.  A noiva, Beatriz Barata, chegou e saiu da igreja sob vaia de cerca de 50 manifestantes.

Ainda na igreja, uma manifestante estava vestida de noiva com um cartaz com os dizeres “Dona Baratinha, vá de ônibus para o Copacabana Palace”. Outros cartazes tinham também frases como “Pego ônibus lotado, me dá um bem casado”.

Diante do Copacabana Palace, a Polícia Militar chegou a intervir com bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Após o lançamento das bombas, eles voltaram à frente do hotel e continuaram gritando palavras de ordem contra o empresário.  Algumas pessoas permaneceram até o final da madrugada.  Cerca de 50 policiais fizeram o trabalho de segurança no local, segundo a PM.

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De acordo com manifestantes, os convidados da festa respondiam com provocações, na maioria das vezes ostentando poder econômico, bebendo champanhe na janela e sacudindo notas de real.

Em nota, a família do empresário Jacob Barata disse "lamentar os episódios que cercaram o que deveria ser uma cerimônia religiosa e familiar". No texto, a família declara ainda que é "contra quaisquer gestos de agressão, os quais precisam ser identificados e punidos. Todavia, a liberdade de expressão não pode servir de escusa para as ofensas morais e as ameaças sofridas pelos noivos e seus convidados. Além do constrangimento, merece registro a violência contra as pessoas presentes, recebidas com ovos e pedras, e muitas delas tendo seus carros particulares danificados."