Topo

Visita do papa à favela no Rio pode ter atiradores de elite posicionados em lajes

Dois meses após o anúncio da visita do papa Francisco à favela de Varginha, pouca coisa mudou na comunidade. A Capela de São Jerônimo recebeu uma nova imagem do santo e um cartaz de boas vindas ao papa com o símbolo da JMJ, que começa no dia 23 - André Lobo/UOL
Dois meses após o anúncio da visita do papa Francisco à favela de Varginha, pouca coisa mudou na comunidade. A Capela de São Jerônimo recebeu uma nova imagem do santo e um cartaz de boas vindas ao papa com o símbolo da JMJ, que começa no dia 23 Imagem: André Lobo/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

18/07/2013 18h55

O plano de segurança para a visita do papa Francisco a Varginha, favela situada em Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira (25), poderá contar com atiradores de elite posicionados nas lajes e barracos da comunidade.

Questionado sobre tal possibilidade, nesta quinta-feira (18), o diretor de operações da Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança em Grandes Eventos), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, José Monteiro, afirmou que esta é "uma situação corriqueira que os países adotam" em ocasiões que envolvem protocolos de segurança mais rígidos.

Monteiro citou uma experiência pessoal vivenciada em Londres, durante os Jogos Olímpicos de 2012.

"De fato, há essa discussão sempre. Mas em Londres, durante as Olimpíadas, era muito comum ver 'snipers' posicionados. A gente está falando de uma comunidade no Rio de Janeiro. Em Londres, era comum ver atiradores de precisão posicionados sobre prédios ou locais onde haveria algum ato com alguma autoridade, enfim, algum ato que eles avaliassem como sendo necessário", disse.

Caberá aos agentes da Polícia Federal, em conjunto com a Polícia Militar, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), entre outros órgãos de segurança, garantir que a passagem do papa pela favela transcorra sem imprevistos. Para tal, o trajeto a ser percorrido pelo pontífice será totalmente bloqueado, inclusive para moradores.

As ruas situadas no entorno do campo de futebol --no qual Francisco vai discursar para os moradores-- e da capela São Jerônimo Emiliani --onde será recebido pelo pároco local e líderes comunitários-- também serão fechadas.

"Ninguém vai ser impedido em nada no seu direito de ir e vir. Naturalmente, com exceção daqueles locais que estarão reservados para a passagem do papa. Lá em Varginha, nós temos uma capelinha que ele vai fazer a visita, e naturalmente esse lugar vai ser reservado para garantir que o papa possa entrar e fazer as suas atividades ali dentro. Fora disso, o direito de ir e vir vai permanecer, e é amplo e irrestrito", declarou.

Sesge defende ação da PM em protestos

Monteiro afirmou ainda que a ação da Polícia Militar do Rio de Janeiro nos recentes protestos pela cidade foram "adequadas", e que a corporação vai agir da mesma forma em relação a eventuais manifestações durante a Jornada Mundial da Juventude.

Segundo Monteiro, a polícia utilizará "técnicas e meios necessários" para conter possíveis distúrbios civis no decorrer da JMJ, o que pode incluir emprego de armamento não letal nos eventos marcados para a praia de Copacabana, na zona sul, com público estimado em mais de 2 milhões de pessoas.

Para o representante da Sesge, "eventuais excessos" não invalidam "a ação de toda uma tropa" e os mesmos devem ser investigados pelas autoridades de segurança pública fluminense.

"A utilização desses meios pela Polícia Militar do Rio, mesmo que possa ter havido alguns excessos pontuais, que já foram ou ainda estão sendo identificados, ocorreu de maneira adequada. (...) As forças de segurança vão utilizar os meios necessários, sejam uns, outros ou nenhum deles, para cessar qualquer ato criminoso. Isso já acontece na normalidade", declarou.

Monteiro disse que a segurança pessoal do papa poderá ser reforçada durante a passagem por Copacabana. Os setores de inteligência das forças policiais estão, segundo ele, estudando as rotas e deslocamentos do pontífice, e a "tendência" é que o efetivo seja aumentado em função de o papamóvel não ser blindado. "Em alguns pontos específicos, pode ser que não precise de reforço. Isso não é uma coisa cartesiana", disse.