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Cedae reconstruirá casas destruídas por rompimento de adutora no Rio, diz Cabral

Moradores resgatam animais em área atingida pela água de adutora subterrânea que rompeu no início da manhã desta terça-feira - Jadson Marques/Estadão Conteúdo
Moradores resgatam animais em área atingida pela água de adutora subterrânea que rompeu no início da manhã desta terça-feira Imagem: Jadson Marques/Estadão Conteúdo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

30/07/2013 11h47Atualizada em 17/11/2014 19h34

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou nesta terça-feira (30) que a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) se responsabilizará pela construção das casas que foram destruídas após o rompimento de uma adutora na estrada do Mendanha, nesta manhã, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro.

TRAGÉDIA

Pensei que fosse um tsunami. Foi muito forte, muita água e vento. Só tive tempo de levar minha família para a cozinha e a água já começou a entrar

Jorge Luiz Carvalho, morador de Campo Grande, na zona oeste do Rio

A força da água fez com que 17 casas desabassem, segundo balanço de técnicos da Defesa Civil que trabalham no local do acidente. Outras 16 residências foram atingidas parcialmente. Pelo menos 72 pessoas ficaram desabrigadas e 70, desalojadas.

"Viemos aqui para prestar apoio, solidariedade e acolhimento para as famílias atingidas. A Cedae irá ajudar na reconstrução das casas e alojamentos das famílias. Acima de tudo, viemos aqui para prestar nossa solidariedade. Não vamos medir esforços para ajudar essas famílias", afirmou Cabral, que permaneceu menos de dez minutos no local e foi embora sem ter contato com os moradores.

O chefe do Executivo fluminense afirmou ainda que vai solicitar uma perícia externa de forma a complementar o trabalho dos técnicos da Cedae.

RELATOS

A mãe da vítima Isabela Severo da Silva, Rebeca Severo, tentou salvar a criança no momento em que a água começou a invadir a casa da família. Ela disse que buscou ajudar a filha a se refugiar na cada de um vizinho, pulando o muro, mas a parede acabou desabando em virtude da força da água e caindo sobre a vítima.


"De repente, eu vi que a chuva não ia passar, não era chuva. Olhamos para as casas, as casas todas caindo, resolvemos sair. Abri uma porta e a força da água jogou a gente lá no meio da rua", afirmou o mecânico Agilson Silva, resgatado com ferimentos nas pernas e no rosto.

O vazamento causado pelo rompimento da adutora fez uma vítima fatal, a menina Isabela Severo da Silva, de apenas três anos, que teve uma parada cardiorrespiratória.

A criança chegou a ser atendida no hospital Rocha Faria, em Campo Grande, mas não resistiu. Outras 16 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas ao mesmo hospital. Oito permanecem hospitalizadas.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também visitou o local do acidente. "O primo da Isabela era meu assessor. (...) É uma situação muito triste. Vamos tentar dar toda a ajuda possível a essas pessoas", disse o prefeito.

Após a entrevista dos chefes dos governos estadual e municipal, Cabral e Paes deixaram a Escola Municipal Casimiro de Abreu, próxima ao local do acidente, em uma van sob protestos de moradores. Havia faixas e cartazes pedindo melhorias para a população de Campo Grande. Não houve registro de tumulto.

Água jorrando por uma hora e meia

O rompimento da adutora, cujas circunstâncias ainda estão sendo investigadas, fez com que a água ficasse jorrando por aproximadamente uma hora e meia --o vazamento teve início durante a madrugada e só cessou por volta das 7h30. Bombeiros designados para o trabalho de resgate informaram que a água chegou a dois metros de altura dentro das casas.

Quatro carros da corporação e duas ambulâncias foram encaminhados ao local --ainda há relatos de moradores ilhados nas casas.

"Pensei que fosse um tsunami. Foi muito forte, muita água e vento. Só tive tempo de levar minha família para a cozinha e a água já começou a entrar", disse o morador Jorge Luiz Carvalho. Ele relatou que a mulher dele por pouco não foi arrastada pela água. "Ela quase foi levada quando eu abri a porta da cozinha para escoar a água. Mas meu filho conseguiu segurá-la", completou.

Por volta das 5h40, um morador detectou um vazamento e fez o comunicado à Cedae, de acordo com o gerente regional do órgão, Almir Silva. O acidente ocorreu por volta das 6h.

Silva afirmou que não seria prudente fechar toda a estrutura de distribuição de água de uma só vez, pois havia risco de que a pressão da água provoque danos à rede de encanamento. Das 6h25 às 7h, a Cedae paralisou o serviço de forma gradativa a fim de evitar mais estragos, informou o gerente.

Ainda segundo o representante do órgão, outras três adutoras passam pela região da estrada do Mendanha. O rompimento ocorreu na altura do número 4.500 da rodovia, e a estrada do Mendanha, que liga o bairro à avenida Brasil, foi interditada no trecho.

Veja o local do acidente

De acordo com a Cedae, não haverá desabastecimento de água no local. O fornecimento de energia elétrica foi cortado para evitar acidentes. Na versão do diretor do órgão, Jorge Briard, a previsão é que a adutora volte a funcionar durante a noite.

"Essa tubulação não tem nenhum histórico de vazamento. Esse foi um acidente pontual e não tem nenhuma relação com a manutenção. Técnicos estão investigando o que aconteceu. O governo do Estado vai ressarcir integralmente os danos dos moradores, mantê-los abrigados em hotéis e, se for necessário, dar medicação e alimento", afirmou Briard.

Em entrevista à Globo News, o especialista em gerenciamento de risco Moacyr Duarte disse que "é preciso se atentar para o deslocamento de terra que é causado pelo alagamento. Evitar consequências mais graves é a maior preocupação do Corpo de Bombeiros no momento, dado o número de moradores ainda ilhados nas casas". (Com Agência Brasil)