Topo

Acusado de chacina de Unaí (MG) diz que foi torturado pela PF

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

29/08/2013 22h56

"O que passei na polícia, confessaria até ter matado Jesus Cristo", afirmou Rogério Alan Rocha Rios, acusado de ser um dos executores do atentado em Unaí (MG) --606 Km de Belo Horizonte--, em 2004, em que foram assassinados quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego. Rios foi o segundo réu a depor nesta quinta-feira (29), durante o julgamento que apura o crime. Ele disse que apanhou da Polícia Federal, durante as investigações, para confessar o crime. "Sou inocente. Não participei da chacina".

Os acusados pela Chacina de Unaí

Antério MânicaPolítico, ele foi prefeito de Unaí por oito anos, após o crime, durante dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012. Acusado de ser um dos mandantes da chacina, se condenado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Seu júri não foi marcado ainda.
Norberto MânicaFazendeiro, irmão de Antério e também acusado de mandante do crime, ele é um dos maiores produtores de feijão do país e conhecido como o rei do feijão. Pode ter a mesma pena.
Hugo Alves PimentaEmpresário agrícola, ele é acusado de intermediário na contratação dos pistoleiros e formação de quadrilha, sua pena pode chegar a 30 anos, se condenado.
José Alberto de CastroEmpresário, ele é também acusado de intermediário.
Francisco Elder PinheiroEmpresário, acusado também de intermediário, morreu no início deste ano.
Erinaldo de Vasconcelos SilvaPistoleiro, ele é acusado de ter executado o crime. Caso condenado, pode ficar 30 anos na prisão. Está preso desde 2004.
Rogério Alan Rocha RiosPistoleiro, acusado também de executor da chacina, preso desde 2004.
Willian Gomes de MirandaPistoleiro, ele atuou como motorista da quadrilha. Acusado também por homicídio, caso condenado, pode pegar também 30 anos de cadeia. Está também preso, desde 2004.
Humberto Ribeiro dos SantosEmpregado dos irmãos Mânica, ele é acusado de formação de quadrilha, por ter apagado pistas do crime. Pode pegar até três anos de prisão.
 Fonte: Procuradoria da República em Minas Gerais

"Passei o inferno. Tive de dar conta de uma coisa que não fiz. Venho lutando há nove anos para provar que não participei deste crime", afirmou o réu em depoimento na noite de hoje, durante o seu julgamento e de mais dois acusados de serem os executores do crime.

"Fui espancado pela polícia. Esses nove anos foram da minha destruição e de minha família. Não sou santo. Mas não tive participação. Quem tem de explicar o crime é o Erinaldo (de Vasconcelos Silva)", afirmou o acusado. Erinaldo de Vasconcelos Silva prestou depoimento antes de Rios e confessou sua participação.

Segundo o depoente, ele foi acusado de participação no crime devido às suas relações com Erinaldo Silva.

"Meu depoimento foi todo orquestrado pelo delegado Antônio Celso dos Santos", disse. Santos foi o delegado da PF responsável pelas investigações dos assassinatos.

Rogério Alan Rocha Rios disse ainda que foi colocado um saco plástico preto em sua cabeça impedindo-o de respirar, enquanto ele apanhava dos policiais, com chutes e socos. "Apanhei muito. Fui torturado para confessar a minha participação no crime", afirmou. 

Rios disse ainda que, no dia do crime, em 28 de janeiro, ele estava em Salvador. O réu ainda negou sequer conhecer Unaí. "Nunca fui a Unaí", afirmou.

Terceiro nega

William Gomes de Miranda, acusado de ser um dos três executores do assassinato, e último a depor neste terceiro dia de julgamento do crime, negou sua participação e manteve-se calado. Não respondeu às perguntas da juíza Raquel Vasconcellos Lima e da procuradoria da Republica (Ministério Público Federal). O réu respondeu somente às perguntas feitas pelo seu defensor público Celso Gabriel de Rezende, se resumindo a dizer que não teve participação no crime.

"Não estive no local do crime. Fui vítima de muita armação e muita covardia. Fui ameaçado de morte, diversas vezes, denunciei e ninguém tomou providências", afirmou, respondendo à pergunta de seu defensor.