Mãe de Juan disse que PMs a procuraram em casa após sumiço de seu filho
A mãe do menino Juan de Moraes, 11, morto em junho de 2011, e de Wesley de Moraes, que também foi baleado naquela noite, disse nesta segunda-feira (9) que PMs a procuraram em sua casa após a morte de seu filho. Emocionada, Rosineia Maria Moraes, prestou depoimento no julgamento dos policiais militares acusados do crime.
"Estava no hospital [com Wesley] e minhas vizinhas me ligaram dizendo que viram homens lá me procurando e também homens fardados", disse.
Ela afirmou também que seu irmão, que morava no mesmo local que ela e os filhos, mudaram de residência por medo dos policiais.
"Meu irmão e minha cunhada saíram de lá porque sempre tinha policial me procurando", afirmou.
Rosineia contou que naquela noite saiu à procura dos filhos após ouvir o tiroteio. Chegou a ver um policial em uma das esquinas do beco onde ocorreu o crime, que é perto de onde morava --atualmente ela é abrigada pelo programa de proteção às testemunhas. Ela perguntou sobre os garotos e o agente lhe disse que não havia ninguém.
Desesperada, Rosineia encontrou Wesley de Moraes --irmão de Juan, também baleado-- na casa de um conhecido na comunidade e o garoto lhe havia pedido para procurar Juan no beco. "Ele ainda falou 'mãe, ele esta caído lá no chão, vai lá caçar ele'. Eu só vi a poça de sangue do meu filho", disse a mãe das vitimas.
Irmão de Juan sente-se preso
"Pedi para eles virem aqui hoje, é muita saudade. Estou praticamente preso. Não posso ver ninguém". Wesley, irmão do menino Juan, também está no programa de proteção às testemunhas e prestou depoimento hoje. Ele e Wanderson sobreviveram aos tiros que receberam naquela noite de junho de 2011.
O jovem disse também que viu quando o irmão caiu após levar um tiro e tentou correr para socorrê-lo, mas foi atingido por um tiro na perna direita. "Não tive como [chegar perto dele]. Era muito tiro. Ficavam batendo no chão, no concreto", disse o irmão do garoto.
Quando tentou se proteger voltando para o beco, Wesley ainda levou um tiro no ombro, que atravessou seu corpo. Ele mostrou as marcas aos jurados, à pedido da promotoria.
Julgamento
O julgamento dos quatro policiais militares acusados das mortes começou por volta das 13h desta segunda-feira (9), duas horas depois do horário previsto. O atraso ocorreu porque o juiz Andre Luiz Duarte Coelho esperou pela chegada do 15º jurado para poder sortear os sete integrantes do júri --quatro mulheres e três homens.
Os policiais militares Isaías Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva são acusados das mortes dos adolescentes e da tentativa de mais outros dois jovens.
Os policiais também são acusados de tentativas de homicídio contra Wesley Felipe Moraes da Silva, irmão de Juan, e Wanderson dos Santos de Assis e ocultação de cadáver, pois o corpo de Juan foi encontrado somente dez dias após os crimes, que ocorreram na noite de 20 de junho de 2011 na comunidade do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo a assessoria do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio), das 14 testemunhas arroladas para esta segunda, serão ouvidas nove. As vítimas foram mortas em uma suposta ação do 20º batalhão da Polícia Militar na favela.
Sete jurados vão avaliar as teses da acusação e defesa para decidir sobre o futuro dos acusados. Ao todo, Promotoria e defesa chamaram 35 testemunhas. A previsão é de que o julgamento dure quatro dias.
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