Sob forte esquema de segurança, Justiça começa a julgar membros de facção criminosa em SC
Começou ao meio-dia desta segunda-feira (9), sob forte esquema de segurança, o julgamento de 98 pessoas suspeitas de integrar a facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), organização que comandou das cadeias ataques incendiários a ônibus e prédios públicos em novembro de 2012 e fevereiro. A sessão é secreta e foi suspensa, para ser retomada nesta terça-feira (10), às 9h.
O elevado número de presos obrigou o Deap (Departamento de Administração Prisional) e a PM (Polícia Militar) de Santa Catarina a organizar um julgamento fora dos tribunais.
Um espaço foi improvisado na cadeia de Canhanduba, em Itajaí (100 km de Florianópolis). Os 55 réus presos foram levados para o local no domingo (8). São 14 os réus soltos. Os 23 presos nas cadeias federais do Rio Grande do Norte serão ouvidos por teleconferência. Seis estão foragidos.
A estrada que dá acesso ao presídio só está liberada para quem está envolvido no processo. Quatro dos réus soltos chegaram para o julgamento fumando maconha no carro, mas foram deixados livres para a sessão.
A primeira pessoa a ser ouvida foi o delegado Procópio Batista, que resumiu as acusações. Ele disse que o PGC ordenou os ataques nas ruas a comparsas do lado de fora, usando celulares e recados através de familiares e advogados --desses, cinco são réus no julgamento.
A acusação é de formação de quadrilha e narcotráfico, que pode render penas de 2 a 10 anos aos condenados.
A primeira confusão aconteceu às 15h, quando o advogado Apóstolo Ptsicas abandonou o julgamento alegando más condições --muito calor, falta de tomadas para computadores e de banheiros femininos. Seis outros advogados também abandonaram a sessão. A juíza que conduz os trabalhos não aceitou suspender o julgamento.
A abertura do megajulgamento se deu depois de quatro meses de investigações, de março a junho. Como os atentados se deram em cidades diferentes, foi preciso um esforço logístico para reunir os 98 réus em Itajaí --foram 58 atentados em 16 cidades na onda de novembro e 114 em 37 cidades na de fevereiro.
Um pessoa morreu durante os ataques, o motoqueiro Jean de Oliveira, 22. Ele foi morto em 3 de fevereiro, em Joinville (200 km de Florianópolis), por PMs que perseguiam suspeitos de ataques a ônibus.
Segundo a PM, Oliveira não obedeceu a ordem de parar numa barreira. Levou um tiro no olho e a bala atravessou o cérebro.
O Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz, de Joinville, quer levar a julgamento os PMs que mataram Oliveira. A Polícia Civil ainda não conseguiu concluir o inquérito dele.
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