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Polícia faz operação para instalar UPPs no Complexo do Lins, no Rio

Giuliander Carpes e Juliana Dal Piva

Do UOL, no Rio

06/10/2013 05h34Atualizada em 06/10/2013 12h05

Equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) realizaram operação para instalar UPPs nos complexos de favelas do Lins de Vasconcelos e Camarista Méier, conjuntos na zona norte do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (6). A operação durou cerca de 50 minutos e terminou por volta das 8h15. Alguns especialistas veem o projeto das UPP com ressalvas.

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É o caso do coordenador do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal Fluminense (UFRJ), Michel Misse, que lembra que a maioria das unidades de polícia pacificadora está concentrada em áreas mais nobres, como a zona sul da cidade do Rio de Janeiro.

Ele questiona se as UPP têm o objetivo de proteger os moradores das favelas ou os do “asfalto”. Ele diz, por exemplo, que as comunidades carentes deveriam receber, além da atenção dos órgãos de segurança pública, iniciativas nas áreas de educação, saúde e saneamento básico e, segundo Misse, isso não ocorre na maioria das favelas com UPP.

Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que houve aumento no número de desaparecimentos nas 18 primeiras comunidades que receberam UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), no período entre 2007 e 2012. O levantamento feito pelo UOL tem base nas ocorrências registradas um ano antes e um ano depois das respectivas ocupações, e vai da UPP Santa Marta, inaugurada em novembro de 2008, em Botafogo, na zona sul, à UPP Mangueira, na zona norte da cidade, lançada em novembro de 2011.

Balanço preliminar oficial da operação deste domingo aponta que uma pessoa foi presa com duas pistolas, maconha, cocaína e crack. O nome do suspeito e a quantidade das drogas não foram divulgadas.

As comunidades --em uma das regiões mais populosas da cidade-- vão receber as 35º e 36º UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) da capital fluminense. Segundo a secretaria de Segurança Pública, 13 comunidades serão beneficiadas com a instalação das unidades.

De acordo com dados do Instituto Pereira Passos (com base no censo do IBGE de 2010), 15.099 mil pessoas vivem no Complexo do Lins, que compreende as comunidades Cachoeirinha, Cotia, Bacia, Encontro, Amor, Cachoeira Grande, Nossa Senhora da Guia, Dona Francisca/Árvore Seca, Barro Preto, Barro Vermelho, Vila Cabuçu e Santa Terezinha.  No conjunto Camarista Méier vivem cerca de 4.850 pessoas.

Trezentos e setenta homens da divisão de elite da Polícia Militar, o Bope, participam da ação, que conta, ainda, com reforço de efetivo do Batalhão de Choque; do Batalhão de Ações com Cães; e de policiais da Corregedoria Interna da PM e da Polícia Civil. A Polícia Rodoviária e a Marinha dão suporte à ação, com 180 militares e 14 veículos blindados.

Os veículos blindados entraram nas comunidades por volta das 6h, pela rua Dias da Cruz, no Méier.

A entrada dos agentes foi pela favela da Cachoeira Grande, a partir da rua Pedro de Carvalho, onde, desde o início da madrugada havia sete veículos blindados da Marinha, dois do Bope. Por volta das 5h30 chegaram os agentes do Bope em 15 carros.

A polícia informou que apreensões e suspeitos serão encaminhados à 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo.

No morro da Cotia, durante o deslocamento para o Complexo do Lins, um blindado da Marinha derrubou uma ponto de ônibus e pedaços da marquise atingiram o pé de um policial, que sofreu uma contusão e foi encaminhado ao Hospital Marcilio Dias, também na região.

Instalação das UPPs

Inicialmente a operação previa a ocupação e a instalação da UPP logo em seguida, uma estratégia diferente da que vinha sendo utilizado em outras comunidades, onde, entre um passo e outro, a secretaria de Segurança esperava pelo menos um mês --a ação coincidiu com a formação de 288 policiais no último dia 20. No entanto, desistiram de implantar as duas UPPs imediatamente. O coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM, disse que ainda não há uma data fixada.

Vários fatores determinaram a definição da instalação da próxima UPP no Lins. Desde o final do ano passado, a região tem ocupado as páginas policiais do noticiário com diversas ocorrências graves.

Na noite de Natal, a menina Adrielly dos Santos, 10, foi atingida por uma bala perdida na cabeça em Pilares. Ela esperou oito horas por cirurgia e morreu depois de uma semana. 

No mesmo dia, Flávia da Costa Silva, 26, foi baleada dentro de um ônibus no Lins a caminho do trabalho. Aline Cristina Ramos, 25, foi vítima de outra bala perdida no dia seguinte na mesma região. Dali em diante, a Polícia Militar começou a fazer operações frequentes na zona norte em busca de traficantes e armamento. 

Durante todo o mês de setembro, estas operações se intensificaram e acarretaram a fuga de criminosos para o maciço da Covanca, em Jacarepaguá, onde esconderam armamento e montaram acampamento no meio da mata. Na semana passada, durante mais uma operação no local, o sargento Marco Antônio Gripp, do Bope (Batalhão de Operações Especiais) foi morto ali. 

O Lins acabou passando na frente da Maré em termos de prioridade para implantação de uma UPP por causa de seu tamanho menor que o complexo de 15 favelas que fica entre a avenida Brasil e a Linha Vermelha, também na zona norte. 

Ocupação da Maré em 2014

A  ocupação da Maré, onde 13 pessoas morreram durante uma operação fracassada em junho, deve ficar apenas para o início de 2014. "É estratégia. Não há adiamento", disse o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, após a operação policial deste domingo. Ele anunciou um pacote de R$ 200 milhões de melhorias para as comunidades do entorno do Lins.

Cabral também prometeu investir na área de investigação e formação psicológica dos policiais. "A investigação é fundamental. Nós estaremos colocando nas ruas da cidade até o final desse ano 1200 novos policiais civis e mais uma quantidade de 150 delegados da polícia civil. Isso vai ser um grande reforço na área de investigação, na Baixada Fluminense onde há muitos casos, há tráfico ostensivo, grupos de extermínio", disse Cabral.

Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá é liberada

A autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, entre as zonas norte e oeste do Rio de Janeiro, que foi fechada por volta das 5h deste domingo (6), em ambos os sentidos, foi liberada, por volta das 7h.

De acordo com a CET-Rio, por conta das interdições, excepcionalmente não será implantada hoje a área de lazer na rua Dias da Cruz, que permanecerá aberta ao tráfego de veículos durante todo o dia.