Um terço dos moradores de favelas em São Paulo é natural de outros Estados
Entre toda a população que mora em favelas na cidade de São Paulo, pelo menos 34% é proveniente de outros Estados brasileiros. Do 1,28 milhão de moradores de comunidades carentes, 433 mil possuem RG de outra unidade da federação, segundo o LIT (Levantamento de Informações Territoriais) realizado com base no Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta quarta-feira (6).
A forte migração também pode ser observada em alguns municípios da Grande São Paulo, como em Carapicuíba, onde 32,4% da população vem de outros Estados, ou seja, entre os 27.710 moradores de aglomerados subnormais --como são chamadas as favelas pelo IBGE--, 8.992 são de fora.
Em Osasco e Guarulhos, 35% dos moradores de comunidades carentes não são paulistas. Isto é, no primeiro, das 81.505 que moram nas favelas, 28.864 são forasteiros. Já em Guarulhos, 74.493 dos 212.582 moradores de regiões carentes nasceram em outros Estados.
Realidade semelhante à de Santo André onde 36% dos habitantes de áreas carentes (88.638 mil) vem de outras cidades (31.885), e a de São Bernardo, onde pelo menos 40% ou 61.626 dos 152.302 moradores de comunidades carentes são naturais de outras unidades da federação, enquanto em Diadema, 41% dos 88 mil moradores de favelas também veem de outros Estados.
Sudeste
A região Sudeste reúne praticamente metade dos domicílios situados nas comunidades carentes existentes em todo o país, de acordo com o LIT. Dos cerca de 3,2 milhões de domicílios em aglomerados subnormais, contabilizados nas 27 unidades da federação, 1,6 milhão se encontram no Sudeste, que é a região mais populosa do país.
O Nordeste é a segunda região com maior número de habitações em comunidades carentes, com 28,7% do total (926 mil domicílios). Em seguida, aparecem o Norte, que tem 14,4% do todo (463 mil), o Sul, com 5,3% (57 mil) e, por último, o Centro-Oeste, com apenas 1,8% (170 mil).
Segundo o LIT, a população que vive em favelas no Brasil é de 11,4 milhões de pessoas. No Sudeste, a quantidade de moradores de comunidades carentes (5,5 milhões de pessoas) representa 48,84% do total. Já no Nordeste, que tem 27,99% da população de favelas do país, 3,1 milhões pessoas moram neste tipo de área. No Norte, vivem 16,18% do total (1,8 milhão), no Sul, 5,16% (590 mil), e no Centro-Oeste, 1,8% (206 mil).
Realizado pela primeira vez pelo Censo 2010, o LIT pretende qualificar as favelas e proporcionar maior conhecimento dos aspectos espaciais dessas áreas do país. O levantamento foi feito a partir de dados coletados nos 323 municípios brasileiros que registravam a existência de favelas --quando há pelo menos 51 domicílios carentes de serviços públicos essenciais, ocupando terrenos alheios e dispostos de forma desordenada ou densa.
O estudo mostra que 52,5% das residências em favelas do país estavam localizadas em áreas predominantemente planas (1,6 milhão de domicílios), 51,8% tinham acessibilidade por ruas (1,6 milhão de domicílios) por onde era possível o tráfego de carros, 72,6% não tinham espaçamento entre si (2,3 milhões) e 64,6% tinham um andar (2,08 mihões).
Bens de consumo
O mesmo estudo, que examinou a presença de bens duráveis nos domicílios brasileiros, demonstrou que, na comparação da posse de bens entre as comunidades carentes e as demais áreas dos municípios pesquisados, há maior desigualdade quando levada em conta a posse de carro e de computador.
A pesquisa identificou que, enquanto apenas 17,8% das residências localizadas em comunidades carentes contam com pelo menos um automóvel, praticamente metade (48,1%) dos domicílios situados fora delas dispõe de veículo para uso particular, uma diferença de 30,3 pontos percentuais. Já o computador está presente 27,8% das residências em favelas enquanto 55,6% dos domicílios que não são localizados nestas áreas possuem o bem.
Telefone celular
O estudo constatou ainda que mais da metade dos domicílios situados nas favelas brasileiras dispõem apenas de celular para fazer ligações telefônicas. A proporção das residências em comunidades carentes onde só há telefone móvel é de 53,9%. Já em 4,5% delas existe somente telefone fixo.
A pesquisa mostra que a opção pela exclusividade do celular é 21,1 pontos percentuais menor nos domicílios localizados nas demais regiões das cidades pesquisadas: a proporção fora dos aglomerados foi inferior a um terço do total (32,8%). A presença apenas de telefone fixo, no entanto, foi de 5,8%, 1,3 ponto percentual maior do que a verificada nas comunidades carentes.
Renda
Em relação aos rendimentos, 31,6% dos moradores de favelas tinham rendimento domiciliar per capita até meio salário mínimo, ao passo que nas demais áreas o percentual era de 13,8%. Por outro lado, apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco salários mínimos, percentual que era de 11,2% nas demais áreas da cidade.
A informalidade no trabalho também era maior nos aglomerados (27,8% dos trabalhadores não tinham carteira assinada) em relação às outras áreas da cidade (20,5%).
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