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Rodízio de veículos em SP é improviso, afirma especialista em trânsito

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

09/01/2014 17h16Atualizada em 09/01/2014 17h16

O rodízio de veículos na capital paulista é um improviso. A opinião é de José de Almeida Sobrinho, presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito.

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Nesta quinta-feira (9), a Prefeitura de São Paulo apresentou um estudo para incluir cerca de 400 vias no sistema que restringe a circulação de veículos na capital paulista.

"Toda medida que envolve rodízio é paliativa. Deve ser adotada enquanto não se toma outra medida definitiva. Na capital, se tornou permanente", analisa o especialista em trânsito.

Segundo Sobrinho, a tendência é que, com o tempo, o motorista se acomode com a situação. "O motorista acaba comprando o segundo carro, não atendendo assim à expectativa da prefeitura de reduzir a circulação. Então o problema volta à origem", diz.

O rodízio foi implantado em São Paulo em 1997 com o objetivo de reduzir a quantidade de poluentes lançados na atmosfera e acabou servindo para diminuir os congestionamentos na cidade. Atualmente, a restrição à circulação de veículos vigora no chamado centro expandido, que engloba uma área de 150 quilômetros quadrados.

Passados mais de 16 anos, a quantidade de veículos emplacados na capital aumentou 37,5%, passando de 4.735.229 em dezembro de 1997 para 7.577.216 em dezembro de 2013, segundo o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo).

A consequência disso são índices recordes de lentidão. Em novembro do ano passado, a CET registrou na capital paulista um congestionamento de 309 km, o maior da história.

Alternativas

Na opinião de José de Almeida Sobrinho, o rodízio, de forma isolada, não traz melhorias para o transporte. "Não é o caminho. Só causa irritação ao cidadão", afirma.

Segundo ele, a medida pode ser usada, mas é preciso pensar de forma paralela em soluções que criem novas condições de circulação. "Em primeiro lugar, é preciso melhorar a qualidade do transporte coletivo. Não adianta criar corredores e colocar ônibus sujos, velhos e lotados, com motoristas mal treinados", critica.

"O que deveria ser feito é investir na melhoria do transporte para estimular a migração do transporte individual para o transporte coletivo", sugere o especialista.

O especialista sugere ainda a criação de núcleos habitacionais mais próximos às áreas que concentram empregos para reduzir o percurso e o tempo de deslocamento no trânsito.

Sobrinho também vê méritos na proposta de cobrança de pedágio aos motoristas que circulam pela área central, mas não acredita que seja uma solução.

"O pedágio urbano tem seus méritos ao selecionar a circulação, mas também elitiza. Quem ivesse poder aquisito maior iria poder entrar no centro. Isso poderia inchar as vias secundárias. A melhoria seria apenas nas vias pedagiadas", explica. 

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