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Em bairro nobre, maranhenses relatam medo da violência e criticam ação do governo

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

13/01/2014 06h00Atualizada em 13/01/2014 11h14

Os moradores de bairros de classe média e alta de São Luís estão preocupados com a escalada da violência em São Luís. O UOL circulou, domingo (12), por alguns dos locais nobres da capital maranhense, e ouviu muitas críticas dos moradores.

Todos os entrevistados relataram que a insegurança cresceu nos últimos anos, pediram mais policiais e acusaram o governo de ser ineficiente no combate ao crime.

Segundo a aposentada Maria Aparecida Senra, 70, que mora em São Luís há três anos, a violência aumentou nesse período. “A gente está com medo de sair de casa, de ir às ruas, e a todos os lugares. Tem que andar com dinheiro no bolso, o documento é só uma cópia. Não podemos andar de bolsa. Nem a banco eu vou, quem vai por mim agora é meu filho”, disse.

A aposentada disse que chegou a ir ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas e ficou chocada com a situação. “Fui lá, uma coisa absurda. Morro de pena de quem mora ali perto”, disse a morador do Alto do Calhau.

Preso diz que transferências podem gerar mais ataques

Para o engenheiro Manoel Menezes, 61, a segurança pública sempre foi um problema, mas ele concorda que os índices cresceram nos últimos tempos.

“De uns tempos para cá, isso virou um caldeirão. Lá o presídio é dominado por facções. Dá a impressão que eles comandavam o crime aqui fora, antes; e agora, como foram presos, comandam de lá”, afirmou.

Menezes também critica a gestão penitenciária do governo.

“Houve dinheiro que veio de Brasília, mas o investimento não foi realizado. A governadora [Roseana Sarney] foi ineficiente e mostrou um total descompromisso com a situação. Lembro que [José] Sarney teve seu primeiro mandato aqui em 1963, com discurso de mudança. E desde lá nada mudou”, disse.

O representante de medicamentos Neto Dias, 37, concorda que o governo foi ineficiente no controle da situação dos presídios.

“É um descaso do poder público, que deixou as coisas correrem soltas. Por anos foram tapando o sol com a peneira, e a questão do presídio foi só um estopim. A violência já vinha ocorrendo, temos bairros sitiados”, disse.

Críticas

Para outros moradores de São Luís, o posicionamento da governadora Roseana Sarney (PMDB) diante da crise foi equivocada.

A fonoaudióloga Sandra Valéria Santos, 36, disse que tentar ligar a crise na segurança com um suposto enriquecimento do Estado foi uma declaração que não convenceu. “O posicionamento dela foi muito infeliz, com palavras que não apresentaram nada. Só dizer que o Maranhão está se desenvolvendo não convence”, afirmou.

Para a estudante de direito Carla Paz, 28, a Força Nacional demorou a ser acionada e poderia ter agido antes para evitar a morte de uma menina de seis anos, queimada em um ataque a ônibus. 

“O sistema carcerário está defasado, mal estruturado, tem que ter o princípio da dignidade. Não pode ser assim, como é hoje. O Maranhão não está bem, como disse a governadora. Aqui não está preparado nem para receber turistas”, disse.