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Com medo de atentados, moradores de São Luís ainda evitam ônibus à noite

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

08/01/2014 23h32

Apesar do retorno da circulação dos ônibus às ruas de São Luís à noite, a população ainda está medo de novos atentados, e muita gente evita ainda sair de casa. 

O UOL circulou por algumas das principais ruas da capital maranhense, nesta quarta-feira (8), cinco dias após os atentados que incendiaram quatro ônibus, e conversou com moradores e trabalhadores assustado com os ataques.

No Terminal de Integração da Praia Grande, o maior da cidade, o movimento está bem menor que a média, e os usuários que precisam do transporte público à noite não escondem o medo.

A comerciária Camila Cardoso, 22, conta que desde a última sexta-feira (3) não havia pego ônibus à noite. “Estou com medo. Até ontem, saía do trabalho e alguém da minha família vinha me pegar, mas hoje não deu, e precisei de novo do ônibus. Muita gente está saindo do trabalho mais cedo por medo”, disse.

Fluxo cai pela metade

Segundo o fiscal Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Maranhão, Carlos Cordeiro, que atua no terminal, o número de pessoas que estavam no local nesta noite estava pela metade da média. 

“Todo mundo fica com medo por causa dessa onda de ataque”, disse.

Segundo Cordeiro, muitas pessoas ainda chegam ao local com dúvidas sobre se o transporte coletivo está funcionando, já que por três dias os rodoviários decidiram paralisar as atividades e deixaram a cidade sem ônibus à noite. 

No período de meia hora em que o UOL esteve lá, nenhum policial foi visto. “O policiamento vem, passa, mas não fica parado aqui. Mas por enquanto está tudo tranquilo”, completou o fiscal.

O taxista Geraldo Souza também contou que o número de pessoas nas ruas da capital maranhense caiu nos últimos dias. “Nós percebemos que tem menos pessoas nos pontos de ônibus. Não tem como não ficar assustado com tudo isso. Principalmente na periferia, o medo é grande”, afirmou.

Sem blitz ou abordagem

Durante as mais de duas horas que o UOL circulou pelas ruas de São Luís, nenhuma blitz ou abordagem a ônibus foi encontrada da Polícia Militar. Um cobrador afirmou que houve abordagens apenas nessa terça-feira, mas não teve nenhum relato de ações da PM nesta quarta.

Em muitos locais, como na avenida Castelo Branco, no bairro São Francisco, os pontos de ônibus estavam vazios, e os veículos passavam sempre com poucos passageiros.

Segundo o presidente Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado, Gilson Coimbra, a o número de coletivos circulando na cidade está normal. 

"Tivemos, de ontem para hoje, um assalto, mas isso já faz parte da rotina, não tem a ver com os ataques. A PM garantiu que iria fazer abordagens e nos dar segurança, mas não sabemos os locais. Por enquanto, nenhum relato de nada anormal”, garantiu.

A reportagem tentou contato com três integrantes da PM e da Secretaria de Estado da Segurança Pública, para saber quantos policiais e quais locais haveria abordagens na noite desta quarta-feira, mas a solicitação não foi atendida.