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MST tenta invadir STF em Brasília; PM usa bomba para dispersar manifestante

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) derrubam cercas na praça dos Três Poderes, em Brasília - Fabio Rodrigues Pozzebom - 12.fev.14/Agência Brasil
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) derrubam cercas na praça dos Três Poderes, em Brasília Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom - 12.fev.14/Agência Brasil

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília*

12/02/2014 16h19Atualizada em 15/06/2020 21h12

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu a sessão desta quarta-feira (12) por cerca de 50 minutos devido a uma tentativa de invasão de militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

"Fui informado pela segurança que o tribunal corre o risco de ser invadido. Vamos fazer um intervalo na sessão", disse Lewandowski, que presidia no lugar do ministro Joaquim Barbosa, que havia se ausentado do plenário.

Segundo a Polícia Militar, são cerca de 20 mil militantes, que pedem ao governo mais agilidade na reforma agrária.

A PM não confirma o número de feridos, mas, segundo a "GloboNews", 12 policiais teriam se machucado no protesto.

No início da tarde, os manifestantes desceram a Esplanada dos Ministérios e chegaram à praça dos Três Poderes, onde fica o prédio do STF, e derrubaram as grades que protegem o local. Os seguranças do próprio STF e policiais militares conseguiram conter a tentativa de invasão.

Os manifestantes vestiam camisetas e bonés vermelhos e carregavam várias faixas, algumas com críticas à atuação do Poder Judiciário. Uma delas diz "STF, refém da Rede Globo", e outras cobram o julgamento do mensalão tucano e o julgamento de casos de assassinatos de camponeses. Há ainda faixas chamando o mensalão de "julgamento de exceção" e "crime é condenar sem provas". Também criticavam a presidente Dilma Rousseff, chamada de "ruralista".

Dispersão

Depois da tentativa de invasão do STF, os manifestantes se dispersaram pela praça dos Três Poderes, ao redor da qual ficam, além do STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. A Polícia Militar chegou a jogar duas bombas de efeito moral sobre os manifestantes, além de balas de borrocha e spray.

"Nós queríamos fazer um ato em frente à presidência. Montamos barracas iguais as que temos em nosso acampamento. Quando a polícia nos viu tirando as coisas do ônibus, nos atacou com gás lacrimogêneo e outras coisas", afirmou o porta-voz dos manifestantes à agência AFP.

Os militantes ocuparam parte do gramado em frente ao Congresso Nacional e outros caminharam pela Esplanada dos Ministérios. O Congresso e o Planalto reforçaram a segurança para evitar eventuais invasões.

Por volta das 18h20, o protesto na área central de Brasília já havia acabado e os manifestantes voltaram para o ginásio Nilson Nelson, próximo ao Estádio Mané Garrincha, onde estão acampados.

Críticas a Dilma

Pressionada pela manifestação desta quarta, que ocorre na Praça dos Três Poderes, a presidente Dilma Rousseff vai receber, nesta quinta, 13, às 9h, representantes do MST. Os manifestantes criticam a demora do governo em promover a reforma agrária.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, foi ao encontro dos manifestantes e recebeu uma carta que, segundo os integrantes do MST, traz promessas feitas e não cumpridas pela presidente.

Nos cartazes carregados pelo movimento, as críticas ao governo ficam claras. "Dilma, cadê a reforma agrária?" e "Dilma, se liberte do agronegócio".

Nesta semana, a capital recebe o Congresso Nacional do movimento. Além de representantes dos 23 Estados, há um grupo de 250 pessoas ligadas a movimentos sociais de outros países. (*Com informações de Bruna Borges e do Valor Online)