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Estudo da PUC aponta indícios de fezes em chuveirinhos na zona sul do Rio

Frequentadoras se banham em chuveiro da praia de Ipanema, na altura da Rua Maria Quitéria - Luciana Whitaker/Folhapress
Frequentadoras se banham em chuveiro da praia de Ipanema, na altura da Rua Maria Quitéria Imagem: Luciana Whitaker/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 19h26

O Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) passou um ano recolhendo e estudando a água coletada de dez chuveirinhos das areias do Leblon e de Ipanema e o resultado não foi nada animador para os banhistas: todos estão contaminados, principalmente com coliformes fecais, fosfato (indica contaminação crônica de urina) e amônia (indica contaminação recente de urina). O estudo não determina quais foram os pontos exatos de coleta da água.

“Muitas vezes as pessoas pensam que usar o chuveirinho é melhor do que entrar no mar. Ledo engano. Caso não seja da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), que utiliza cloro para sua desinfecção, a água dos chuveirinhos pode estar mais contaminada. Dependendo da profundidade do poço, ele se torna vulnerável a uma contaminação, em particular, de urina e fezes”, alerta o professor José Marcus Godoy, do Departamento de Química da PUC, coordenador da pesquisa.

Segundo ele, isso se dá principalmente pelo mau uso dos frequentadores, que fazem xixi enquanto tomam uma ducha e levam seus cachorros à praia. “Os próprios donos dos chuveirinhos estão interessados nos nossos resultados”, confirma Daniela Soluri, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo.

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Godoy explica que a contaminação começa na areia, onde os dejetos são jogados, e chega ao lençol freático, de onde é bombeada a água que abastece as duchas. Banhar-se em água contaminada pode causar problemas no estômago e doenças de pele.

Os chuveirinhos são instalados pelos ambulantes para oferecer a seus clientes uma forma de se refrescar sem ter que entrar no mar muitas vezes agitado ou até mesmo impróprio para banho. Mas não existe fiscalização de órgãos oficiais para determinar se a água que sai deles é adequada. 

Em nota, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) disse que “a gestão, o ordenamento e a fiscalização territorial - a orla no caso é território - são atribuições das prefeituras. Sendo assim, são as prefeituras que devem demandar a análise da qualidade das águas dos chuveirinhos das praias”.  Procurada pelo UOL, a Prefeitura do Rio de Janeiro declarou que ainda não faz nenhuma fiscalização, mas vai convocar o Inea e a Secretaria de Estado do Ambiente para fazer uma vistoria nas duchas. No entanto, a ação ainda não tem data para começar.

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