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Caseiro é preso no Rio sob suspeita da morte de coronel da ditadura

Do UOL, no Rio

29/04/2014 11h15Atualizada em 29/04/2014 15h12

Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam nesta terça-feira (29) o caseiro do sítio onde morava o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, em Nova Iguaçu (RJ). Rogério Pires confessou ter participado do crime, de acordo com a Polícia Civil do Rio, e recebeu voz de prisão após prestar depoimento em sede policial. Contra ele havia um mandado de prisão temporária por crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

O militar, que relatou à CNV (Comissão Nacional da Verdade) ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar, foi encontrado morto, em casa, na última sexta-feira (25). Segundo a versão oficial, o sítio onde o coronel morava com a mulher foi invadido por outros três homens --o caseiro já estava no local. Dois deles são irmãos de Rogério Pires. Eles foram identificados como Anderson Pires Teles e Rodrigos Pires Teles, e já são considerados foragidos da Justiça.

Os invasores roubaram objetos de valor que pertenciam ao militar, e mantiveram Cristina Batista Malhães, casada com o coronel, refém junto com o caseiro. A polícia, no entanto, informou que coube ao próprio Rogério Pires facilitar a entrada dos criminosos no sítio, repassando informações sobre a rotina do casal --o crime teria sido planejado há um mês. O quarto suspeito, que utilizava um capuz, ainda não foi identificado.

Na segunda-feira (28), o delegado William Pena Júnior, responsável pelo caso, já havia afirmado que o latrocínio era a principal linha de investigação da polícia. Em entrevista à "CBN", ele disse que, embora as primeiras informações apontassem para a hipótese de latrocínio, a possibilidade de "retaliação" pelo depoimento prestado na CNV não estava descartada.

"A principal linha de investigação, até o momento, é o crime de roubo qualificado pelo resultado morte. É lógico que, paralelamente a isso, todos os dados relativos ao passado do coronel. Nesse primeiro momento, o seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade não pode ser desprezado. Até porque seria um pecado capital para o início da investigação. Mas eu posso afirmar que, em princípio, a nossa tese principal é de crime patrimonial que resultou na morte do coronel", declarou.

O delegado informou ainda que os três criminosos que invadiram a residência de Malhães levaram não só joias, armas e dinheiro, mas também computadores e rádios. Essa informação, porém, não é vinculada pela polícia a uma suposta ideia de queima de arquivo. "Quando a gente começa a investigar crime patrimonial, observamos que, em troca de dinheiro, o ladrão leva qualquer coisa que possa servir como moeda de troca".

"Mas é lógico que não podemos desprezar fator algum. A Polícia Civil, através da Divisão de Homicídios da Baixada, está atenta a todos os detalhes. Não estamos virando as costas para uma possível retaliação pelo depoimento dele [à CNV]. Tanto que vamos solicitar ainda nessa semana a cópia do depoimento deixado na Comissão da Verdade. Porém, reitero que a nossa linha principal de investigação é de latrocínio", completou Pena Júnior.
 
O delegado revelou que já foram confeccionados retratos falados dos suspeitos, porém o material não será divulgado "nesse primeiro momento", já que os investigadores ainda buscam mais detalhes a fim de compor a dinâmica do crime.

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