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Paralisação dos rodoviários afetou 1 milhão de pessoas, diz SP Trans

Do UOL, em São Paulo

21/05/2014 21h43

A SP Trans, órgão da Prefeitura de São Paulo responsável pelo transporte público, informou no fim da noite desta quarta-feira (21) que o segundo dia de paralisação de motoristas e cobradores na capital paulista atingiu 1 milhão de pessoas.  Foram afetadas aproximadamente 30% das linhas, algo em torno de 2.400 ônibus.

Até as 21h de hoje, o terminal Lapa ainda estava bloqueado por ônibus enfileirados, na zona oeste da capital. Os terminais Campo Limpo, Grajaú, Varginha, Parelheiros, Santo Amaro, Jardim Ângela, Sacomã e Mercado estavam abertos, mas não havia operação de ônibus no momento. Já no terminal Bandeira, João Dias, Capelinha, Guarapiranga, Pinheiros, Pirituba, Casa Verde, Cachoeirinha, Amaral Gurgel, Penha, São Mateus e Parque D.Pedro II, havia oferta de ônibus inferior à registrada em dias de operação normal do sistema.

Houve paralisações em 11 garagens de cinco empresas concessionárias: duas da Santa Brígida, quatro da Sambaíba, duas da Gato Preto, duas da Via Sul e um da VIP.

Um grupo de motoristas e cobradores da cidade de São Paulo, que assumiu estar à frente das paralisações de ônibus dos últimos dias, anunciou na noite desta quarta-feira que os coletivos voltarão a circular no primeiro horário (por volta de 4h) da manhã desta quinta-feira (22).

O anúncio foi feito pelos dissidentes após uma reunião com dirigentes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo --que não participa da paralisação-- e com Luiz Antonio Medeiros, superintendente regional do Ministério do Trabalho em São Paulo. Participaram da reunião oito representantes das viações Santa Brígida, Sambaíba e Gato Preto, nas quais a mobilização foi mais forte.

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Além da disposição dos motoristas em retornar ao trabalho, uma liminar concedida pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) no início da noite desta quarta-feira em nome do SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus) obriga a circulação de ao menos 75% da frota em cada uma das linhas que circulam na capital paulista.

Apesar de retornarem ao trabalho, os motoristas querem que o prefeito Fernando Haddad receba amanhã (22) uma comissão formada pelos grevistas e por diretores do sindicato. A intenção dos grevistas é que o prefeito seja um intermediador entre os motoristas e as empresas de transporte.

"A nossa proposta é voltar a trabalhar e levar a comissão à prefeitura. Se não tiver negociações, vamos parar de novo", afirmou o motorista Paulo Martins Santos, que trabalha na viação Gato Preto.

Segundo os dissidentes, houve um acordo entre eles e os diretores do sindicato para que não haja conflito entre as duas partes. "Não somos contra o nosso sindicato. Nossa reivindicação é contra os empresários", disse Valtércio Souza, cobrador da Sambaíba.

O motorista Luiz Pereira Lima, também funcionário da Sambaíba, prometeu que todos os coletivos da empresa estarão nas ruas amanhã. "Garanto que a Sambaíba estará rodando a partir do primeiro horário amanhã. Meus colegas confiam em minha liderança. Queremos do nosso prefeito um voto de confiança".

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Sindicato e dissidentes juntos

José Valdevan, conhecido como Noventa, presidente do sindicato, afirmou que entrou em acordo com os dissidentes."Os trabalhadores estão dando esse voto de confiança ao prefeito para que ele se sensibilize com a nossa situação. O que havia de controvérsia entre os dissidentes e o sindicato foi resolvido."

Os motoristas exigem reajuste salarial de 13,5% e vale-refeição diário de R$ 22, entre outras propostas. O acordo proposto pelas empresas e aprovado em assembleia na última segunda-feira (19) prevê reajuste de 10% e vale-refeição de R$ 16,50.

Segundo Medeiros, as empresas resistem em reabrir as negociações. "Os empresários se recusaram a abrir as negociações. Então a proposta dessa comissão é retomar o trabalho enquanto acontecem novas negociações amanhã", disse. "Parece que o empresariado não pensa na cidade de São Paulo. Eles não querem negociar de jeito nenhum."

Liminar

Antonio Roberto Pavani Junior, advogado do sindicato patronal, disse que a liminar prevê uma multa a ser paga em caso de descumprimento, mas não soube informar qual é o valor a ser pago.

Pavani Júnior disse ainda que o SP Urbanuss entendia que "as negociações já ocorreram e as propostas [feitas pelo sindicato patronal ao sindicato da categoria], foram aprovadas em assembleia". "Não é possível que após a aprovação [na assembleia], uma facção comece a pedir mudanças", afirmou o advogado.