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Ativista é indiciada por suspeita de incitar violência em protestos no Rio

Em fevereiro, Elisa prestou depoimento na 17ª DP (São Cristóvão) durante investigação sobre a morte do cinegrafista da "Band" - Fernando Frazão/Agência Brasil
Em fevereiro, Elisa prestou depoimento na 17ª DP (São Cristóvão) durante investigação sobre a morte do cinegrafista da "Band" Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Do UOL, no Rio

13/06/2014 16h14Atualizada em 13/06/2014 18h18

A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (13) ter indiciado a ativista Elisa de Quadros, conhecida como Sininho, por suspeita de incitação a ações violentas durante as manifestações realizadas na capital fluminense desde junho de 2013.

A assessoria da instituição não especificou se há outros indiciados nem quis informar mais detalhes sobre a investigação, que corre sob segredo de Justiça na DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática).

Sininho foi levada à Cidade da Polícia, no Jacaré, na zona norte do Rio, na última quarta-feira (11), a fim de prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento com os black blocs. Contra ela havia um mandado de busca e apreensão. Porém, a jovem foi liberada a pedido de seu advogado, Marino D'Icarahy, pois tinha que comparecer a uma audiência judicial no mesmo dia.

Nesta sexta (13), ela enfim prestou depoimento na sede da DRCI, mas não falou com a imprensa ao deixar o local. O advogado de Elisa questionou a decisão da Polícia Civil. "Soube apenas por informação verbal do delegado, que ela estaria indiciada por incitação a atos violentos. Mas eu perguntei em função de que? Ninguém sabe responder", disse D'Icarahy.

Entre os objetos apreendidos na casa da ativista estão computadores, celulares, cartões de memória, entre outros, informou o defensor. Além dela, outras nove pessoas, de acordo com a Polícia Civil, foram levadas para a DRCI, também para prestar esclarecimentos sobre suposto envolvimento com os black blocs e com atos de vandalismo.

"Estado de exceção"

D'Icarahy, que defende Sininho e outros dois jovens interrogados na quarta-feira (11), afirmou que o inquérito reaberto para investigação as cenas de violência que ocorreram durante os protestos no Rio é fruto de um "estado de exceção". No total, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão.

"É a confirmação de que estamos vivendo um estado de exceção no Rio de Janeiro. As pessoas são trazidas para serem interrogadas como testemunhas e não têm o direito de se manter caladas. Quando a gente sabe que a intenção do Estado é estabelecer a prova, que eles nunca vão conseguir, porque não existe isso, da organização criminosa. Isso é uma covardia", disse ele na última quarta.

Questionado sobre o fato de a operação ter sido feito na véspera da Copa, o advogado afirmou não acreditar em uma "mera coincidência". "É tudo pensado. É parte de um processo de intimidação do ativismo político, uma criminalização do ativismo político", declarou.

Na visão do defensor, a ideia da Polícia Civil seria sufocar os possíveis protagonistas de novas manifestações a fim de que não ocorram mobilizações durante a Copa do Mundo. "Nós já sabemos que a palavra de ordem 'Não vai ter Copa' venceu. Não há o clima que era esperado para uma Copa do Mundo no Brasil", afirmou.