Ato do MPL na Marginal Pinheiros termina em quebra-quebra; PM usa bombas
Protesto organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) nesta quinta-feira (19) terminou em confusão quando os manifestantes ocupavam a Marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, sentido Castello Branco.
A intenção do movimento era fazer uma "festa popular" na marginal, com churrasco, intervenções teatrais, shows de rap e partidas de futebol. Os manifestantes chegaram a fazer fogueiras com catracas de papelão.
Pouco antes de 19h, no entanto, uma concessionária de veículos da Mercedes-Benz, localizada na marginal, foi depredada por um grupo de mascarados. Vários carros de luxo foram destruídos. Alguns minutos depois, policias militares do Batalhão de Choque chegaram e usaram bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar o protesto. Por volta de 20h, todas as pistas da marginal já estavam liberadas.
Após a dispersão, adeptos da tática black bloc passaram a fazer barricadas e a cometer outros atos de vandalismo pelas ruas do bairro de Pinheiros. Rojões foram disparados contra os policiais.
A Polícia Militar acompanhou o protesto de longe. Alguns carros da PM ficaram à frente da manifestação. Ao contrário do que ocorreu em outros atos, a PM não montou um cordão com policiais nas laterais do protesto.
Após a manifestação, a PM convocou uma entrevista coletiva e afirmou que o MPL, ao comunicar a realização do protesto, pediu para que os policiais não acompanhassem o ato de perto para evitar possíveis conflitos. “Eles que formalizaram esse pleito de afastamento da tropa da PM”, disse o coronel Leonardo Ribeiro.
Em sua página no Facebook, o MPL afirmou que o ato já estava dispersando quando a PM atacou os manifestantes. “A festa popular, que pautava a readmissão dos trabalhadores do transporte e a tarifa zero, foi violentamente reprimida com bombas de asfixia e estilhaçantes.”
Metroviários e indígenas
O protesto teve início por volta de 15h na avenida Paulista, na altura da praça do Ciclista (Consolação), e passou pelas avenidas Rebouças e Eusébio Matoso. Segundo o MPL, cerca de 6.000 pessoas participaram do ato. Já a Polícia Militar estimou em 1.300 o número de manifestantes.
O ato foi convocado para levantar a bandeira de tarifa zero no transporte público e para exigir a reintegração de 42 metroviários que foram demitidos pelo governo do Estado durante a greve. Manifestações semelhantes foram organizadas por movimentos parceiros do MPL na Suécia e no México.
Hoje faz exatamente um ano do dia em que o aumento das tarifas de ônibus, Metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foi revogado.
"É um evento em comemoração e ao mesmo tempo um novo protesto. Os 20 centavos não bastaram", disse o militante Marcelo Hotimsky, integrante do MPL. "Não estamos em busca de confusão. Queremos fazer uma festa na Marginal Pinheiros", afirmou antes do quebra-quebra.
Além de integrantes do MPL e de outras organizações de esquerda, participaram do protesto os metroviários demitidos e índios guaranis que vivem em aldeias na capital paulista e cobram a demarcação de terras.
Os manifestantes fizeram bonecos para satirizar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT). Bandas com instrumentos de batuque acompanharam o ato.
Além da concessionária, ao menos duas agências bancárias --uma do Banco do Brasil e outra do Citibank--, ambas na avenida Rebouças, foram depredadas por manifestantes mascarados. Os organizadores do protesto pediram para que os mascarados não cometessem mais atos de vandalismo e chegaram a montar barreiras na frente de outras agências bancárias. Um carro da TV Gazeta também foi depredado. (Com Estadão Conteúdo)
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