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Médico escreve em ficha que paciente sofria de 'falta de ocupação'

Ficha de Atendimento Ambulatorial que atesta que problema de paciente era "falta de ocupação" - Reprodução
Ficha de Atendimento Ambulatorial que atesta que problema de paciente era "falta de ocupação" Imagem: Reprodução

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

15/10/2014 17h03

A Prefeitura de Sumaré (121 km de São Paulo) instaurou nesta quarta-feira (15) um processo administrativo disciplinar para investigar um médico plantonista do Centro Integrado de Saúde do bairro Nova Veneza que teria humilhado uma paciente ao escrever em sua FAA (Ficha de Atendimento Ambulatorial) que seu problema seria “falta de ocupação”.

A paciente Thaynara de Oliveira Cruz, 19, chegou à unidade médica nesta terça-feira (14) se queixando de dores na cabeça e variações na pressão arterial.

Segundo ela, depois de ter sido destratada e receber o “diagnóstico”, saiu chorando da sala e foi direto para o 1º Distrito Policial da cidade prestar queixa por ofensa e humilhação.

“Ele nem me examinou, só perguntou o que eu fazia. Eu falei que cuidava do meu filho. Aí ele disse: você não conhece dipirona, paracetamol? É disso e de ocupação que você precisa”, disse Thaynara.

Depois disso, o médico escreveu o “diagnóstico” e receitou um dos medicamentos para a paciente.

“É muita humilhação, me senti muito ofendida. Chorei muito na hora. Eu precisava de ajuda por isso fui até lá. Estava com dor de cabeça há uma semana. A gente paga muito imposto pra ser tratada como animal. Para que ele estudou? Para humilhar os outros?”, disse a dona de casa.

Thaynara avalia mover uma ação por danos morais contra o clínico geral.

A Secretaria de Saúde de Sumaré informou que abriu o processo administrativo disciplinar para investigar a conduta do médico, que é servidor municipal concursado.

Segundo a pasta, a ficha onde o médico teria escrito “falta de ocupação” vai subsidiar todas as ações administrativas disciplinares que serão tomadas pela prefeitura.

Além disso, a secretaria pede ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abertura de processo de sindicância para apurar conduta de médico.

Em nota, a secretaria salientou que "o profissional só poderia ser afastado de suas funções, caso confirmadas as denúncias, após a conclusão do processo administrativo disciplinar, ou o posicionamento do Cremesp comprovando a infração ética e/ou disciplinar".

O Cremesp, por sua vez, informou abrirá processo e que, caso a má conduta se confirme após rigorosa apuração, o médico poderá ir a julgamento e sofrer punições.

A reportagem tentou contato com o médico mas ele não quis comentar o caso.