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Sindicalista promete mais protestos em caso de novos ataques a ônibus em SP

Márcio Neves e Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

05/11/2014 16h36

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, José Valdevan Noventa, afirmou nesta quarta-feira (5) que a categoria realizará outras manifestações em caso de novos ataques a coletivos na capital paulista.

“Não tenha dúvida de que se continuarem a tocar fogo em ônibus, nosso manifesto pode crescer”, afirmou Noventa. O sindicalista declarou que motoristas e cobradores têm condições de mobilizar outras categorias e “parar o Estado de São Paulo”. “Espero que isso não seja necessário", acrescentou.

Motoristas e cobradores fecharam por pouco mais de duas horas todos os 29 terminais de ônibus da cidade na manhã de hoje em protesto contra os constantes ataques e contra a morte de um motorista no mês passado. A Prefeitura de São Paulo estima que a manifestação prejudicou 1 milhão de pessoas.

Insegurança

De acordo com a SPTrans, empresa que gerencia o transporte público municipal, 119 coletivos foram incendiados neste ano. O balanço foi fechado no último dia 2.

O motorista John Carlos Brandão morreu no último dia 22 depois de ficar quatro dias internado com queimaduras sofridas durante um ataque ao seu ônibus, da linha Jaraguá-Vila Madalena.

A ação criminosa aconteceu na noite do dia 18, na região da Vila Jaraguá, na zona norte de São Paulo. Segundo a polícia, os criminosos atearam fogo no coletivo, e Brandão não teve tempo de fugir.

Além dos queimados, há os ônibus depredados. Chega a 797 o número de ônibus danificados ao longo do ano, de acordo com a SPTrans.

Comissão

Nesta terça (4), véspera da paralisação, a Secretaria da Segurança Pública decidiu criar uma comissão para buscar soluções para os ataques criminosos a coletivos. O grupo de trabalho será formado por representantes dos sindicatos dos trabalhadores e empresários, das polícias Civil e Militar.

A SPTrans e a Guarda Civil Metropolitana também serão convidadas a participar.

A portaria de criação do grupo deve ser publicada no Diário Oficial do Estado ainda nesta semana. A decisão da secretaria foi tomada em reunião com os sindicalistas. Valdevan Noventa afirmou hoje que as medidas atendem às reivindicações da categoria.

A secretaria também informou que parte dos ataques a ônibus acontece em função de mortes decorrentes de ações policiais e promete reforçar a prevenção e a investigação dos casos.

A polícia prendeu neste ano 54 suspeitos de envolvimento com os ataques. Entre eles, estão quatro jovens suspeitos de provocar o incêndio que resultou na morte de John Brandão. Eles responderão pelos crimes de associação criminosa, homicídio qualificado, incêndio qualificado, furto, constrangimento ilegal e corrupção de menores.