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Suspensão de pedágio em Ilhabela (SP) é ampliada até a próxima segunda

Entrada do parque dos Castelhanos, em Ilhabela - Celina Cardoso/UOL
Entrada do parque dos Castelhanos, em Ilhabela Imagem: Celina Cardoso/UOL

Daniel Leite e Gustavo Nascimento

Do UOL, em São José dos Campos e São Sebastião (SP)

25/11/2014 13h19Atualizada em 25/11/2014 22h01

A cobrança de uma taxa de R$ 12 para os turistas poderem entrar na praia de Castelhanos, em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, está suspensa até a próxima segunda-feira (1º), quando haverá uma nova reunião para discutir no tema.

A já taxa estava suspensa desde sábado (22) e foi reavaliada na segunda-feira (24).  A ampliação do período de suspensão foi definida após reunião entre representantes do Município e do Estado, na noite de ontem, na capital paulista.

A decisão foi tomada depois de protestos, durante o fim de semana, realizados por guias turísticos, donos de agências de viagens e visitantes. A estrada que dá acesso à praia de Castelhanos, um dos principais pontos turísticos do arquipélago, chegou a ser bloqueada pelos manifestantes.

Na em reunião de ontem em São Paulo --entre a Prefeitura de Ilhabela, secretaria estadual de meio ambiente, polícia ambiental e representantes de moradores e empresários da cidade--, ficou decidido que, até a próxima semana, não será cobrado o valor.

A taxa havia sido definida em uma portaria da Fundação Florestal, ligada ao governo do estado, publicada no último dia 4. Os turistas começaram a ter que pagar para entrar na reserva no dia 19 passado, véspera do feriado o Dia da Consciência Negra.

O prefeito, Antonio Luiz Colucci (PPS), é contra a cobrança e defende a municipalização do Parque Estadual, na estrada de Castelhanos. Ele afirmou que a taxa prejudica o desenvolvimento do turismo de Ilhabela.

Empresários reclamam

Os empresários do setor de turismo de Ilhabela se queixam de que a cobrança foi feita de última hora. “Eles traíram a gente em cima da hora, na véspera do feriado”, disse Marcelo Batista de Oliveira, um dos representantes do grupo de 65 empresas que recepcionam turistas e fazem passeios de jipe pela reserva ambiental.

Para donos de pousadas, a taxa só é bem vinda se houver contrapartida. “Eu sou a favor desde que ofereça estrutura para os turistas”, diz Adriana Lolkus, proprietária de uma pousada a 12km da entrada do parque.

Segundo ela, a taxa só deveria ser instituída se houver a certeza de que o valor arrecadado será revertido para melhorias, como a instalação de mais placas de sinalização e construção de banheiros, e que haja manutenção.

Adriana conta que isso até já foi feito em alguns pontos do parque, por meio de investimentos privados esporádicos, mas a estrutura não foi bem cuidada e se deteriorou. Para ela, a taxa de R$ 12, se bem aplicada, não espantará os turistas. “A questão é se vão investir o dinheiro corretamente e se vão fazer manutenção”, complementou.

Alternativa

Uma das alternativas apontadas pelos moradores e empresários é a implementação de uma estrada parque. Esse conceito de passagem para veículos e pedestres prevê implantação de estacionamentos, construção de mirantes, sinalização, sistemas de comunicação, posto de fiscalização, obras de melhorias e conservação.

No dia 29 de março de 2010, o governo estadual anunciou a criação da Estrada Parque de Castelhanos. Até hoje, no entanto, segundo moradores e comerciantes, o projeto não saiu do papel.

A estrada que liga a cidade a praia tem 22km de extensão, sendo 17km dentro do parque estadual.

Procurada pela reportagem, a Fundação Florestal, responsável pela reserva, informou, por e-mail, que os órgãos públicos envolvidos e a comunidade de Ilhabela estão “estudando alguns ajustes na operacionalização da portaria normativa que prevê a cobrança de ingresso” em nova reunião marcada para o dia 1º de dezembro.

Durante a apuração, a reportagem teve conhecimento do anúncio da estrada parque em 2010. A Fundação Florestal foi novamente procurada para dar um posicionamento, mas não retornou até o momento.

Outro lado

Apesar de os moradores sugerirem a estrada parque como alternativa, e esse ter sido um dos assuntos discutidos na reunião desta segunda em São Paulo, a Fundação Florestal afirma que ela já existe, e citou três datas distintas para justificar.

Em nota, a fundação informou que a estrada funciona desde 2008, com enfoque no mínimo impacto ambiental, segurança, caráter turístico e utilização por parte dos moradores locais.

O comunicado também diz que em 2010 houve a assinatura de resolução específica para a mesma estrada, com a previsão de obras, realizadas, de acordo com a fundação, em 2013, com a implantação da passagem nos moldes atuais.