Ingresso para Cristo Redentor sobe 24% neste sábado e vai custar R$ 62
Chegar aos pés do Cristo Redentor pelo trem do Corcovado, no Rio de Janeiro, vai ficar 24% mais caro a partir deste sábado (29). Por decisão do ICM-Bio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), autarquia federal que administra o Parque Nacional da Tijuca, onde fica o ponto turístico, o valor do ingresso para subir o morro pela centenária estrada de ferro vai aumentar de R$ 50 para R$ 62. O novo preço vale durante a chamada alta temporada, que inclui sábados, domingos e feriados em todo o ano. Durante a baixa temporada, o preço do ingresso será de R$ 51.
O anúncio do aumento da tarifa revoltou representantes de agências de viagens da cidade, que criticaram a falta de negociação sobre o preço por parte do ICM-Bio e preveem um prejuízo milionário por conta de milhares de pacotes turísticos fechados antes do reajuste. "Eles podem estragar todo o nosso trabalho", declara o presidente da Abav-Rio (Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio de Janeiro), George Irmes.
De acordo com a concessionária Trem do Corcovado, anualmente, mais de 600 mil pessoas são levadas ao monumento religioso por esse meio de transporte. Os valores dos ingressos têm descontos para idosos, que pagam metade do preço, e para crianças de 6 de 12 anos, que pagam R$ 40 tanto na alta quanto na baixa temporada.
O ICM-Bio explicou que os valores são compostos pela passagem do transporte (R$40) acrescido do ingresso ao Parque Nacional da Tijuca, determinado por uma portaria ministerial: R$22 para alta temporada, e com 50% de desconto para a baixa temporada (R$11). Eles foram definidos após a após a assinatura do novo contrato de concessão do serviço, no início deste mês.
Nesta quinta-feira (27), um dia depois de sediar uma reunião com representantes das partes envolvidas, a Setur-RJ (Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro) informou que o secretário Cláudio Magnavita entrou em contato com o ministro do Turismo, Vinícius Lages, para pedir que ele buscasse uma solução para a questão junto ao ICM-Bio.
"Não podemos permitir que a imagem do Rio como um destino caro seja fortalecida", declarou o secretário estadual, em nota. Para Magnavita, o reajuste "foi colocado de forma arbitrária, uma vez que o governo federal, através do ICM-Bio, deveria criar facilidades e incentivar para que haja uma visitação maciça ao ponto turístico, que é uma das sete maravilhas do mundo". Durante a reunião, realizada na quarta-feira, também ficou decidido que o governo fluminense enviaria uma carta ao ministério para tentar encontrar alguma saída para o problema.
Para minimizar os prováveis prejuízos, a Abav-Rio e a Setur-RJ propõem que o ICM-Bio ou mantenha o preço até abril de 2015, ou cobre uma única nova taxa, abolindo a diferenciação entre alta e baixa temporada. "Eu tenho certeza que o ministro do Turismo vai se sensibilizar, porque o nosso trabalho e o do próprio ministério pode ir por água abaixo", afirmou George Irmes.
Em nota divulgada nesta sexta (28), o instituto, que é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, informou que "as questões levantadas serão avaliadas e discutidas com todas as instituições envolvidas". "Esclarecemos que o concessionário do transporte está trabalhando com o valor de passagem máximo previsto em contrato, podendo o mesmo ser reduzido, mediante aprovação do Instituto Chico Mendes, atendendo descontos e promoções", diz o comunc.
Até este aumento, os agentes de viagem conseguiam pagar R$ 46 e não R$ 50 por cada ingresso para compras de grupos. O presidente da Abav-Rio estima que só durante o próximo verão, 300 mil turistas chegarão ao Rio em cruzeiros marítimos e que um terço deles já comprou o pacote para visitar o Cristo com o valor antigo.
"Não temos como cobrar [a diferença de R$ 16] aos turistas, porque é um contrato fechado com um ano de antecedência. Só para os turistas que chegarem pelo mar, seria um prejuízo de quase R$ 2 milhões", afirmou George Irmes. "Como é que as agências vão pagar essa conta? Com esse aumento, eles também estão punindo o turismo brasileiro".
"Aumento injustificado"
Para o presidente da associação, "não há nada que justifique esse aumento". "Esse dinheiro vai para algum lugar que ninguém sabe qual é. Não volta absolutamente nada para a manutenção do Parque Nacional da Tijuca. Não se vê nenhum benefício. Não existem abrigos e as placas são as mesmas há muitos anos, não há sinalização correta. E, agora, simplesmente cobra-se a mais para encher os cofres", afirmou Irmes.
O representante das agências de viagem criticou ainda a diferenciação de alta e baixa temporada para a entrada no Parque Nacional da Tijuca. "Não existe isso em nenhum parque nacional no mundo inteiro. E eles também consideram sábados, domingos e feriados alta temporada. É lamentável", declarou.
De acordo com o ICM-Bio, os valores arrecadados com os ingressos do Corcovado são repassados à União, que restitui ao parque da Tijuca em "investimentos para infraestrutura, manutenção de trilhas, segurança e limpeza em todas as áreas" do local.
"Em 2014 estão sendo aplicados mais de R$10 milhões em contratos e investimentos, com previsão de aplicação de mais de R$40 milhões em 2015. Além disso, este contrato de concessão prevê investimentos de mais de R$120 milhões por parte do concessionário, além de diversas contrapartidas para o Parque Nacional da Tijuca", informou o instituto.
Um dos mais caros do mundo
Para quem nasceu ou mora no Rio, e não têm qualquer privilégio no preço por ser carioca ou viver na capital fluminense, o aumento ratifica a cidade como um dos lugares do mundo em que é mais caro fazer turismo. Outro ícone turístico do Rio de Janeiro, o bondinho do Pão de Açúcar, cobra os mesmos R$ 62 para adultos desde o início do ano.
Visitar o Cristo Redentor pela estrada de ferro do trem do Corcovado custa mais caro do que ir a outros pontos turísticos tradicionais como a Torre Eiffel, em Paris, a Estátua da Liberdade, em Nova York, e o Coliseu, em Roma.
Enquanto visitantes pagarão ingresso de R$ 62 para ir ao monumento religioso na capital fluminense, turistas pagam hoje um valor cheio de 15 euros (cerca de R$ 47) para ir à Torre Eiffel. Já os administradores da Estátua da Liberdade e do Coliseu cobram valores máximos de US$ 18 (cerca de R$ 45) e 12 euros (cerca de R$ 38), respectivamente.
Para conhecer o Taj Mahal, na Índia, turistas pagam 750 rúpias indianas, o que equivale a apenas R$ 30.
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