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Referência da ocupação holandesa, forte de 1640 é descoberto em Alagoas

Local onde foi encontrado o forte, que  tem 473 m², muralhas de terra e está coberto pela vegetação - Maurício Silva/Prefeitura de Porto Calvo
Local onde foi encontrado o forte, que tem 473 m², muralhas de terra e está coberto pela vegetação Imagem: Maurício Silva/Prefeitura de Porto Calvo

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

30/03/2015 17h34

Arqueólogos encontraram um forte do século 17, da época da ocupação holandesa no Brasil, no município de Porto Calvo (litoral norte de Alagoas). O forte fica localizado no Reduto Ilha do Guedes, às margens do rio Manguaba, numa fazenda particular, e seu acesso só é possível por meio de barco. Naquela época, as terras alagoanas pertenciam ao Estado de Pernambuco. As muralhas do forte foram construídas com terra, sem pedras, e atualmente a estrutura está coberta pela vegetação, o que manteve intacto até hoje.

O local era usado pelos militares na Batalha dos Holandeses antes de seguirem para Penedo, no extremo sul alagoano, e depois irem para a Bahia. O forte tem 473 m² e contém muralhas de terra, construídas estrategicamente para diminuir o impacto dos tiros durante a Batalha dos Holandeses no Estado. Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a construção está arqueologicamente preservada.

Com a descoberta, o Iphan informou que agora Porto Calvo torna-se referência na história da ocupação holandesa no Brasil. “Apesar de o local está coberto pela vegetação, observamos as cinco pontas da construção, o fosso e o espaço de guardar os armamentos. A maioria dos fortes era de pedra, e a bala espinhava [não conseguir entrar no interior do forte]. Para diminuir esse impacto, eles construíram de terra”, contou o superintendente do Iphan em Alagoas, Mário Aloisio Barreto Melo.

Segundo o arqueólogo Marcos Albuquerque, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), foi em Porto Calvo o local onde a Holanda conquistou a maior vitória em solo brasileiro, ao expulsar as tropas ibero-brasileiras para a Bahia.

“Ele está bem posicionado estrategicamente, às margens da curva do rio Manguaba. Quando as embarcações passavam por lá, eram surpreendidas com a boca de fogo do fortim. Esse achado não tem apenas ligação com a história de Porto Calvo, ele tem ligação com o sistema colonial da época, com a história do Brasil, da Holanda, Portugal e Europa”, afirmou o arqueólogo.

O forte

O forte foi construído em terra no ano de 1640 e mantém-se preservado até hoje pelo difícil acesso do local. A área deverá ser recuperada pelo Iphan, Exército e Prefeitura de Porto Calvo para se tornar um parque histórico e museu arqueológico para manter-se preservado.

O Iphan informou que o forte não tem tesouros escondidos deixados pelos holandeses, mas que a edificação tem grande valor histórico. “Nossa preocupação é manter o local preservado. Os holandeses conseguiram tirar todos os equipamentos, como armamentos, e levaram consigo ao descerem para a Bahia. O local não possui botijas ou qualquer objeto de valor comercial, apenas histórico”, disse Melo. 

Porto Calvo ao lado de Japaratinga e próximo a Maragogi, onde foram encontradas, em 2013 e em 2004, respectivamente, botijas de moedas antigas em escavações de construções nos municípios. Na época, moradores começaram a fazer escavações em busca de objetos antigos para comercializarem clandestinamente.

Em Porto Calvo ainda existe outro forte e uma igreja da época da ocupação holandesa. O local chama-se Alto da Forca, e o prédio funciona o Hospital Municipal São Sebastião.