Beira-Mar é condenado a 120 anos por morte de 4 rivais em presídio no Rio
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 120 anos de prisão pelo homicídio de quatro rivais no presídio de Bangu 1, em 11 de setembro de 2002, no Rio de Janeiro.
O julgamento, que durou mais de 10 horas, terminou já na madrugada desta quinta-feira (14) no Tribunal de Justiça do Rio - a sentença foi proferida pelo juiz Fábio Uchoa. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", a defesa de Beira-Mar disse que irá recorrer.
Beira-Mar foi condenado pelo crime de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa) contra quatro detentos: Ernaldo Pinto Medeiros (Uê), Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi), mortos durante uma rebelião no presídio Bangu 1.
Na sentença, o magistrado ressaltou a posição de comando de Fernandinho Beira-Mar durante a rebelião de 13 anos atrás.
“Na presente empreitada criminosa, o réu agiu com intensa culpabilidade, na medida em que exercia uma posição de notório comando junto à famigerada facção criminosa denominada Comando Vermelho e, após a execução das vítimas, dirigiu-se até elas para obviamente conferir a execução das vítimas e nesse momento selecionando e poupando ao seu bel prazer, as vidas dos demais sobreviventes da quadrilha rival, denominada ADA - Amigos dos Amigos”.
O comportamento do réu durante o julgamento não passou despercebido pelo juiz.
“No interrogatório, o réu por diversas vezes respondia as perguntas do Juízo rindo, como se estivesse se vangloriando de suas atitudes nefastas, demonstrando, no mínimo, carecer de senso crítico não apenas de seus atos criminosos, como também, da própria Sessão de Julgamento”, relatou Uchoa.
O Ministério Público sustentou a tese de que Beira-Mar havia conseguido abrir caminho dentro de Bangu 1 para invadir a ala onde estavam os traficantes rivais e comandar os ataques. O réu negou as acusações.
Mais de 300 anos
Com a sentença desta quinta-feira, o traficante acumula um total de 253 anos e seis meses de prisão no Rio de Janeiro. Há, no entanto, outros processos em andamento, inclusive na Justiça Federal, por lavagem de dinheiro, contrabando e associação para o tráfico internacional de drogas.
Beira-Mar, que se encontra preso atualmente no presídio federal de Porto Velho (RO), possui ainda condenações em outros Estados, como no Paraná, com 29 anos e 8 meses, no Mato Grosso, com 15 anos, e em Minas Gerais, 11 anos. Com isso, a pena total, incluindo o Rio e outros Estados, chegaria a 309 anos e 2 meses.
Em uma das decisões passadas, também definida por júri popular em 2013, ele foi condenado a 80 anos sob acusação de planejar e ordenar a morte de dois homens na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, município da região metropolitana do Rio, no mesmo ano de 2002. Nesta época, o traficante já estava preso.
O codinome Beira-Mar tem origem nesta favela da Baixada Fluminense, onde ele despontou como chefe do tráfico no início da década de 1990. Nos anos seguintes, passou a ser reconhecido como um dos principais articuladores da facção Comando Vermelho.
Ganhou notoriedade por organizar sua própria rede de distribuição de armas e drogas a partir de conexões com traficantes da América Latina. Está preso desde abril de 2001, quando foi capturado na selva colombiana por tropas do Exército local.
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