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Polícia indicia líder do PCC em Ribeirão por matar 3 em 'tribunal do crime'

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto

10/06/2015 17h31

A Polícia Civil indiciou um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) por sequestro, tortura, homicídio e ocultação de cadáver de três pessoas que estão desaparecidas desde março. As vítimas, que ainda não tiveram os corpos encontrados, teriam sido assassinadas depois de serem condenadas pelo chamado "tribunal do crime", que define penas para quem desrespeita as regras do crime organizado. O acusado responde ainda por organização criminosa, tráfico de drogas e associação ao tráfico.

De acordo com o delegado Cláudio Sales Junior, André Silva do Nascimento, 26, o Android, chefe da facção na região, era o responsável organizar os julgamentos e definir as penas. Depois, ele se comunicava com o comando do PCC em São Paulo para aprovar o veredito e executava pessoalmente as sentenças, geralmente com condenação de morte. Nos três casos, os corpos não foram localizados.

Identificado no PCC como "Disciplina 16" - uma referência ao DDD da região, critério utilizado pela facção para dividir as áreas de atuação -, Android está preso preventivamente desde 20 de maio e também é investigado por outros dez homicídios. Se condenado em todos os processos, está sujeito a penas superiores a 90 anos de prisão.

"As investigações mostraram que há tribunais funcionando na cidade e que o suspeito efetivamente era o responsável pela organização desse mecanismo", afirma o delegado.

Além de Android, a polícia também prendeu e indiciou Wellington Bruno da Silva, o Baratinha, que participou de um dos assassinatos e também seria integrante da facção criminosa.

As vítimas

As duas primeiras vítimas, Filipe Teófilo da Silva, 20, e Igor Henrique Bernardo, 21, sumiram no dia 3 de março e teriam sido assassinadas porque possuíam dívidas, por conta de drogas, com a organização criminosa. Já Ruberlei Teixeira da Silva, 35, desaparecido desde 6 de março, teria sido julgado depois de um pedido de pessoas da favela onde mora. Os corpos não foram localizados.

Sobre a terceira vítima, Sales Junior informou ainda que ele teria ameaçado e roubado moradores, o que o código de conduta da facção criminosa proíbe, além de se intitular membro do PCC sem autorização da facção. “Ele não era membro, mas dizia a todos que integrava a facção e também cometia crimes na região onde morava, especialmente furtos. A comunidade se queixou e ele foi condenado e morto em um tribunal que ocorreu dois dias depois do sumiço dele", disse o delegado.

Prisões

Ainda segundo o delegado, os indiciamentos foram motivados por uma operação conjunta da Polícia Civil com o Ministério Público para desarticular o PCC na região de Ribeirão Preto. No mês passado, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público paulista denunciou 11 pessoas ligadas à facção por organização criminosa armada, tráfico de drogas e associação ao tráfico, sequestro e tortura. Android era um deles.

Na operação, nove pessoas foram presas e um menor apreendido em uma favela da zona norte da cidade durante a realização de um dos tribunais do crime que tinha o objetivo de penalizar Ivan Marques, de 32 anos, acusado de ter matado um traficante. Marques também foi preso.