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Sakamoto: Bolsonaro pode fugir sem passaporte por ter rede de apoio

O fato de estar com o passaporte retido pouco importa para Jair Bolsonaro, que conta com uma rede de apoio para buscar refúgio caso seja condenado por seu envolvimento na trama golpista, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (28).

Em entrevista exclusiva ao UOL, Bolsonaro se disse vítima de uma perseguição e não descartou a hipótese de se abrigar em uma embaixada caso seja decretada sua prisão ao final do processo penal.

Já vi muita gente dizendo que Bolsonaro está com passaporte retido, mas isso não significa absolutamente nada para uma pessoa que tem recursos financeiros e políticos, tem contatos e uma rede de apoio, e diuturnamente planeja a própria fuga desde 2021.

Vimos as conversas vadias dos empresários em grupos de WhatsApp defendendo Bolsonaro, falando que fariam tudo o que fosse possível. O que não falta é apoio. Bolsonaro não é um 'zé ruela' qualquer; é um líder de massas. Ele conseguiria abrigo e fuga.

Se o pessoal executor do 8/1 conseguiu fugir para a Argentina e para o Uruguai estando com tornozeleira eletrônica, com passaporte bloqueado e com condenação colocada, por que não Bolsonaro?

Uma fuga não precisa ser terrestre. Ele pode embarcar em um jatinho em Mato Grosso do Sul. Há uma fronteira difícil de ser resguardada pelas Forças Armadas e pela Polícia Federal. Ele pode cruzar para o Paraguai ou para outro país e de lá se deslocar para os Estados Unidos. Ele não precisa ficar no frio da Hungria; pode ir para Orlando e abraçar o Pateta. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto alertou que Bolsonaro ensaiou fugir em outras oportunidades quando se sentiu acuado e não teria problemas em usar novamente a mesma estratégia caso seja condenado.

Bolsonaro tem recursos e planos para fugir. Ele mesmo já fez um test drive de fuga quando, em 8 de fevereiro deste ano, foi apreendido o passaporte dele e ele foi para a embaixada da Hungria e a transformou em um 'Airbnb de fujão'. Só soubemos disso posteriormente, com a revelação de funcionários da embaixada.

De fato, ele fugiu. Não que a embaixada da Hungria seja outro território, mas a polícia estava impedida de entrar lá e prendê-lo caso fosse necessário. Ele fez um teste drive do que fará caso seja colocado em risco. Durante esses dois dias [na embaixada húngara], ele ficou inalcançável pela Justiça brasileira.

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Bolsonaro fugiu não só naquele momento: em 30 de dezembro de 2022, ele se pirulitou para a Flórida e não passou a faixa para o Lula. O próprio relatório da PF fala que ele fugiu com medo de ser envolvido em toda a trama golpista articulada até aquele momento e também para esperar os desdobramentos da tentativa de golpe de 8/1.

A entrevista reforça que Bolsonaro não tem constituição nem estrutura psicológica para ser preso. Se a polícia e a Justiça não tomarem cuidado, ele foge, vai para fora do Brasil e tentará escapar de uma punição, coisa que outros políticos não fizeram. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Raquel Landim: Em negação, Bolsonaro acha que não será preso e condenado

Mesmo diante de evidências robustas de seu papel central na trama golpista, Jair Bolsonaro age em negação e insiste em pensar que escapará de uma condenação, disse a colunista Raquel Landim no UOL News ao revelar os bastidores da conversa dela e da colunista Letícia Casado com o ex-presidente.

A minha impressão como repórter é a seguinte: apesar de todas as evidências existentes no indiciamento e de não sabermos qual será a posição do Procurador-Geral [Paulo Gonet], Bolsonaro não conta com a possibilidade de ele ser preso. Ele não conta com isso. Bolsonaro acha que o clima político será revertido lá na frente e não trabalha com essa possibilidade [de ser preso].

Ele está em negação em relação a isso. Perguntamos a ele se não tem medo de ser preso. Ele fala: 'olha, a gente vive em um país de arbitrariedades, mas não posso viver com medo de a PF estar na minha casa todos os dias. Ele realmente acha que não será preso e que alguma coisa vai mudar até o final do processo penal. Raquel Landim, colunista do UOL

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