Caso Joaquim: Em depoimento, mãe do garoto se contradiz e inocenta padrasto
Quase um ano após o início das audiências do processo que investiga o desaparecimento e a morte do menino Joaquim Ponte Marques, a mãe do garoto, Natália Mingoni Ponte, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (20), em São Joaquim da Barra (382 km de São Paulo).
Natália e seu marido, Guilherme Longo, são réus no caso do menino de 3 anos que desapareceu em 5 de novembro de 2013, em Ribeirão Preto. O corpo da criança foi encontrado em 10 de novembro, no rio Pardo, em Barretos, a cerca de 150 quilômetros de Ribeirão, mesma data na qual a mãe e o padrasto tiveram as prisões decretadas.
Natália chegou ao fórum da cidade paulista por volta das 14h30 e foi ouvida pelo juiz Rafael Martins Donzelli. Ela entrou por uma porta lateral e não falou com a imprensa.
De acordo com advogados que presenciaram a audiência --e conversaram com o UOL--, durante o depoimento, Natália voltou a negar que tivesse conhecimento de que o marido tinha matado o filho.
Ela também não incriminou o marido na morte da criança, negou que ela e os filhos tivessem sido agredidos por Longo e contou que o casal tinha um bom relacionamento.
As informações são diferentes das que constam no inquérito da Polícia Civil, no qual o relacionamento do casal é descrito como tempestuoso e com muitas brigas, muitas delas motivadas pelo suposto uso de drogas de Longo.
Demora no depoimento
Segundo Alexandre Durante, advogado que representa Arthur Paes, o pai de Joaquim, no processo, a demora para a realização do depoimento da mãe e a nova versão de Natália não irão alterar o caso.
"Por mais que tenha demorado, nada do que foi dito muda o que ocorreu. Iremos ter a condenação de ambos, que são efetivamente culpados pela morte do filho do meu cliente", disse ele, que participou do interrogatório de hoje como assistente de acusação.
Ainda segundo Durante, o depoimento de Natália foi cercado de contradições.
"Ela confirmou que deu um depoimento à polícia dizendo que o marido era violento, mas depois negou. Da mesma forma, confirmou que disse à polícia que acreditava que ele tinha matado o filho, mas depois negou. Ela se contradisse e mostrou que não pode ser digna de crédito."
Já Antonio Carlos Oliveira, advogado de Longo, que também esteve em São Joaquim da Barra, o depoimento confirma que não há provas que liguem seu cliente ao homicídio.
"Ele está preso, sofrendo todos os traumas da cadeia, mas até agora só existem suposições que o liguem ao crime. Não há provas", disse.
Ainda segundo Oliveira, o depoimento de Natália faz "cair por terra" as alegações da polícia sobre a autoria do crime.
"O depoimento dela deixa claro que as alegações interpretadas pela polícia e colocadas em seus depoimentos, de forma a incriminar Guilherme Longo, não procedem. Natália prestou depoimento e disse textualmente que ele não era violento, nem agressivo, muito longe do perfil de psicopata que quiseram pintar dele", afirmou o advogado de Longo.
A Polícia Civil já ouviu 32 testemunhas do caso – 16 de acusação, oito de defesa de Longo e oito de defesa de Natália. Agora, deverá ouvir os dois acusados, que pediram para serem interrogados depois dessas audiências.
O padrasto, que continua preso em Tremembé, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Está previsto que Longo preste depoimento à Justiça no dia 20 de agosto.
Já Natália Ponte foi acusada por homicídio pelo Ministério Público, já que, para a promotoria, ela foi omissa em relação ao filho, por ter conhecimento de que Longo era agressivo e que havia voltado a usar drogas. Ela foi libertada em março deste ano e chegou a ser presa uma segunda vez, mas conseguiu ter o direito de responder ao processo em liberdade.
Relembre o caso
Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, foi encontrado morto por um pescador no dia 10 de novembro de 2013 no rio Pardo, em Barretos. Cinco dias antes, ele havia desaparecido da casa onde vivia com a mãe, Natália Ponte, o padrasto, Guilherme Longo, e o irmão mais novo, em Ribeirão Preto. O pai do menino, Arthur Paes, é separado de Natália e vive em São Paulo.
De acordo com a Polícia Civil, o padrasto matou o menino, que tinha diabetes, com uma alta dose de insulina e o jogou no córrego próximo à residência da família. Esse córrego deságua no rio Pardo, onde o corpo foi encontrado.
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