Surpresos, arqueólogos acham peças sacras a 120 km de igreja de Mariana
Arqueólogos localizaram quatro peças sacras, oriundas da capela de São Bento, situada em Bento Rodrigues, a 120 quilômetros do distrito de Mariana que foi devastado pela lama da barragem de Fundão, no dia 5 do mês passado. A estrutura é de responsabilidade da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP.
De acordo com o MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais), três fragmentos do altar e uma escultura de madeira sem a cabeça, aparentando ser São Benedito, foram localizados na usina hidrelétrica Risoleta Neves, a 120 quilômetros de distância do lugarejo. As peças foram achadas na terça-feira (8). Pelo menos quatro igrejas católicas foram destruídas pela onda de lama.
Conforme o promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, a distância que as peças percorreram, levadas pela lama no rio Doce, causou “perplexidade” e vai demandar a ampliação da área de atuação dos arqueólogos, revelou a assessoria do órgão.
No dia 3 deste mês, foram resgatados dois fragmentos da almofada da porta central da igreja, pedaços de escultura de um dos altares, representando um anjo barroco, e fragmentos de um banco. As peças foram catalogadas e levadas para o Museu da Arquidiocese de Mariana e colocadas em local conhecido como reserva técnica.
O promotor considerou importante o resgate das oito peças integrantes do templo, erguido em 1718, pois indica a potencialidade de outros artefatos serem localizados.
“Há um registro bastante detalhado do que havia no interior dos templos afetados. Vamos exigir da Samarco a busca, a restauração e a devolução de todo o acervo. (...) O que não for encontrado será objeto de cobrança, pelo MPMG, de indenização por danos materiais e morais coletivos”, frisou o promotor, por meio da assessoria.
Arqueólogos
Um Termo de Compromisso Preliminar, firmado entre a mineradora e o MP, no dia 30 de novembro, permitiu a contratação de equipe de arqueólogos, bancada pela empresa, para o resgate das peças sacras nas localidades de Bento Rodrigues, Gesteira e Paracatu.
Anteriormente a esse compromisso assumido pela Samarco, o MP afirmou que mais de 300 peças sacras já haviam sido resgatadas nos dias subsequentes ao rompimento da barragem.
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