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"Minha mãe morreu na mão de um companheiro", diz vítima de violência doméstica

Paula Bianchi/UOL
Imagem: Paula Bianchi/UOL

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

17/06/2016 13h54

A manicure Adriana Bahia, 38, procurou a 35ª DP (Campo Grande) na segunda-feira (13) após ser agredida pelos ex-sogros e só saiu de lá mais de cinco horas depois, com o BO (Boletim de Ocorrência) em mãos. Ela conta que, depois que a mãe morreu assassinada por um ex-companheiro, decidiu que nunca iria deixar uma agressão passar em branco. 

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Fiquei nove anos com o pai dos meus filhos. Tenho um filho de dez e outro de 12 anos. Estamos separados há quatro. Hoje tenho uma ordem de restrição de 100 metros contra ele. De seis em seis meses preciso ir até o Fórum regularizar. Moro em cima da casa dos pais dele. Já me ofereceram abrigo, mas como eu vou trabalhar e deixar os meus filhos? Não tenho como sair de casa.

Os pais dele não querem que eu fique lá. No domingo à noite, a mãe dele veio brigar comigo, o pai dele veio acudir e me empurrou da escada. Tive que imobilizar meu braço. Sou manicure, vou ficar pelo menos uma semana parada. As crianças ficam assustadas com qualquer coisa, não aguentam mais os gritos. Quando estávamos juntos. ele me atacou a facadas enquanto eu dormia.

Teve um dia em que eu cheguei em casa e fui direto tomar banho. Ele achou que eu tinha feito isso porque tinha saído com outro. Quando sai do banheiro, ele quebrou o espelho no meu rosto. Por sorte, não me cortei muito.

Minha mãe morreu na mão de um companheiro. Ela trabalhava em São Cristóvão [zona norte do Rio de Janeiro], eles tinham terminado. Um dia ele esperou ela sair do trabalho e a empurrou contra os carros na hora em que ela foi atravessar a rua. A sorte foi que o motorista estava vindo devagar e conseguiu parar. A ex dele já tinha avisado que ele era agressivo. Quando eles ainda estavam juntos, ele chegou a bater nela com uma enxada. Ela voltou para casa e não fez nada, não levou a sério.

Um tempo depois, ela chegou do trabalho, disse que ia sair com ele e não voltou mais. Nós procuramos por toda a cidade. Meu irmão achou um corpo não identificado no hospital, mas não quis achar que fosse ela. Ela acabou enterrada como indigente. Pedimos a exumação e confirmamos a identidade. Ele matou ela no motel e escondeu o corpo no quarto. No cemitério, deixaram ela no mesmo lugar. Só colocaram uma plaquinha com o nome.

Ela tinha 42 anos e oito filhos. Eu tinha 16. Por isso, sempre falo que a gente tem que denunciar. É o único modo de ter um pouco de segurança. Minha mãe nunca deu queixa. Naquela época não se falava tanto sobre isso. Ela nunca achou que algo assim pudesse acontecer.