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Após furto em loja, empresário decide fazer campanha de arrecadação em SC

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

25/06/2016 06h00

David Mattos, 36, teve sua loja, a Pulp Store, situada no centro de Florianópolis, arrombada cinco vezes nos últimos dois meses. Os prejuízos recorrentes em tempos de crise financeira poderiam alimentar a raiva do comerciante. Mas, ele revidou o último roubo, na madrugada de quarta-feira, 22, com uma campanha do agasalho.

Às três da manhã o telefone tocou. Era a empresa de segurança avisando novamente que a loja tinha sido invadida. David conta que saiu indignado de casa. Os outros furtos tinham custado aproximadamente R$ 4 mil.

“O medo do estrago era grande”, disse. Na Pulp Store, havia uma Smart TV, um computador e dinheiro no caixa, além de centenas de peças de vestuário.

Mas quando fez o levantamento, percebeu que apenas dois moletons haviam sido levados. “A situação me desmontou. O nosso prejuízo foi uma vitrine e duas peças de roupas, o deles poderia ser o risco de serem presos ou uma hipotermia com esse frio barra pesada que anda fazendo na ilha”, disse.

Comovido com a situação dos invasores, no dia seguinte ele organizou uma campanha contra o frio com direito a pocket show da solidariedade. Os clientes que levaram peças de roupas ganharam desconto de 20% nas compras e uma cerveja de cortesia.

As doações encerram neste sábado (25) às 15h. Até a noite de sexta-feira (24), tinham sido arrecadadas nove caixas abarrotadas de agasalhos, cobertores e sapatos, que serão distribuídos entre os moradores de rua na próxima semana.

Na fanpage da loja, o empresário escreveu “decidimos atacar a violência sofrida de um jeito diferente, vamos fazer o revide da paz”. A publicação foi compartilhada 1.942 vezes e recebeu quase oito mil curtidas.

David espera que a campanha minimize um pouco a dor de quem está sem abrigo. O frio em Florianópolis está rigoroso. No dia 12 de junho fez 0,6 °C. Segundo o engenheiro agrônomo do Climaterra Ronaldo Coutinho, desde que a estação meteorológica mais antiga da cidade foi instalada, há 115 anos, não fazia uma temperatura tão baixa. Segundo a Defesa Civil, há aproximadamente 400 pessoas vivendo nas ruas.

Sem queixa na polícia

As câmeras de vigilância da Polícia Militar identificaram dois moradores de rua indo em direção à loja no horário do furto. Segundo o 4°Batalhão da PM, as ruas do Centro são alvos constantes de arrombadores.  Mas, a maioria, leva o que há de mais valioso.

David não registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil. Ele explicou que já é conhecido pelo delegado, que o cumprimentou da última vez com a frase “mais um roubo, seu David?”

“Eu também não registrei queixa porque não os considero ladrões, são pessoas desesperadas, tentando sobreviver”, concluiu.

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