Após um ano e ação do MP, objetos doados por famosos a vítimas de Mariana vão a leilão
Após mais de um ano da tragédia de Mariana (MG) e sob intervenção do MP, objetos doados por pessoas famosas vão a leilão, na noite desta quarta-feira (21), no Centro de Convenções da cidade mineira. O caso foi marcado por impasse entre a prefeitura local e o MPE-MG (Ministério Público Estadual de Minas Gerais).
O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro do ano passado, matou 19 pessoas [um corpo ainda não foi localizado] e lançou um mar de lama na bacia do rio Doce. O colapso da estrutura foi considerado o pior desastre ambiental do país.
De acordo com o promotor Guilherme de Sá Meneghin, da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mariana, os objetos foram recebidos pela prefeitura que, sem uma suposta explicação plausível, não realizou o leilão em tempo considerado razoável.
Ainda conforme Meneghin, somente em seguida a uma reportagem sobre “engavetamento” de várias ações de ajuda aos atingidos, a prefeitura repassou diretamente, em julho deste ano, os objetos aos representantes das famílias atingidas.
Entre os mais de 20 itens, estão uma camisa e um agasalho da Seleção Brasileira autografados pelo ex-jogador Zico [lance mínimo de R$ 800 para cada um desses dois itens]. Um relógio de pulso doado pelo apresentador Faustão, além de um livro de receita repassado pela apresentadora Ana Maria Braga.
O promotor disse, no entanto, ter sido procurado pelas vítimas, que alegaram não ter condição de realizar o leilão nem zelar pela segurança dos objetos.
"O prefeito [Duarte Júnior - PPS] tinha prometido leiloar os objetos e doar o dinheiro aos atingidos, só que ele não cumpriu essa promessa. Ele simplesmente engavetou e não fez nada", disse Meneghin.
Enquanto isso, os atingidos não sabiam o que estava acontecendo", afirmou o promotor.
Após o encontro com os moradores, o promotor disse ter entrado na Justiça com uma Ação Civil Pública pedindo a anulação do repasse dos objetos aos atingidos feito pela prefeitura. Segundo ele, a decisão judicial favorável ao MP determinou à prefeitura que, além de retomar os itens, fosse responsável pela guarda até o leilão.
“A gente teve uma audiência depois da liminar do juiz, eles [representantes da prefeitura], de fato, recolheram e guardaram os objetos. Nessa audiência, a gente entrou em um acordo para que, de fato, a prefeitura realizasse o leilão”, declarou.
Meneghin disse que a administração local ainda foi obrigada a contratar um leiloeiro com experiência comprovada para conduzir o evento, que será fiscalizado pelo Ministério Público. O valor arrecadado vai ser depositado em uma conta judicial e, posteriormente, os representantes das 350 famílias dos atingidos irão decidir, em assembleia, o que fazer com o montante arrecadado.
O promotor disse que o valor total a ser arrecadado não deverá ser alto em razão da crise econômica do país.
A Prefeitura de Mariana, por meio da procuradoria do município, informou que a administração municipal não vai se manifestar sobre o assunto.
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