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Em ato para plantar árvores em favela, moradores reclamam com Crivella sobre lixo

Crivella plantou em Bangu uma muda de pau brasil ao lado da mulher, do filho e de secretários de seu governo - Hanrrikson de Andrade/UOL
Crivella plantou em Bangu uma muda de pau brasil ao lado da mulher, do filho e de secretários de seu governo Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

03/01/2017 11h17

Em seu segundo dia útil como novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) teve nesta terça-feira (3) mais uma agenda solidária. Um dia após doar sangue no Hemorio, o político esteve na Comunidade do 48, em Bangu, na zona oeste carioca, para plantar uma árvore e conhecer o projeto Mutirão de Reflorestamento.

Durante a visita, a conversa de Crivella com os jornalistas foi interrompida pelo protesto de um morador. Ele cobrou a canalização e limpeza do rio das Tintas, que corta a região e é fonte de acúmulo de lixo e outros problemas.

"Fizeram uma obra para que o rio fosse desviado, o que gerou uma espécie de córrego que avançou em direção às casas. Nesse local, crianças saem da escola para tomar banho, uma quase já morreu afogada ali. Além disso, há muito lixo e insetos. Muita gente já ficou doente", afirmou o manifestante, que se identificou como Carlos Calixto, ex-presidente da associação de moradores da localidade.

"Estamos ouvindo aqui e isso é importantíssimo, esse impulso do morador", afirmou Crivella após ouvir a reclamação. Em seguida, falou sobre temas como a regulação de leitos na saúde e o calor de Bangu, popularmente conhecido como bairro mais quente do Rio.

"Nós precisamos ter realmente mais articulação entre os governos municipal e estadual. Tivemos muito mais obras, sobretudo na zona sul, no Porto Maravilha e em outros setores de transporte. Mas nessa questão do meio ambiente, estamos realmente muito isolados”, disse.

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Crivella chega à Comunidade do 48, em Bangu, passando por uma pilha de lixo
Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

"Todo mundo sabe que Bangu é uma área muito quente. Quente porque o maciço da Pedra Branca é do lado da Barra da Tijuca, que é completamente florestada. Aqui não. Aqui tem, com exceção dessa área aqui, várias outras que estão carecas. Essa floresta vai ajudar muito", afirmou.

Logo na subida do local escolhido para o plantio da árvore, o prefeito passou de carro por uma pilha de lixo.

Moradores afirmaram ao UOL que a Comlurb não retirava o lixo naquela região desde o Natal. "Eles vieram na semana do Natal, mas depois disso não mais. Pode ver aqui pelas ruas a quantidade de montinhos de lixo", reclamou a moradora Neida Mariana dos Santos.

O relato foi ratificado pelo morador Luciani Bittencourt: "Esse é o grande problema aqui da nossa região. Tem cinco anos que eu moro aqui e há cinco anos que a limpeza deixa a desejar", disse.

Depois que Crivella deixou a comunidade, a reportagem testemunhou a chegada de pelo menos três equipes da Comlurb, que começaram a recolher o lixo.

Até mesmo uma praça, cujos brinquedos já desapareciam em meio à altura da grama, recebia cuidados nunca antes vistos. "É a primeira vez que eu vejo eles limpando a praça Edmundo Janot, bastou o Crivella vir aqui. Acho que podemos dizer que é um milagre de Deus", brincou Bittencourt, em referência ao fato de o prefeito ser bispo licenciado da Igreja Universal.

Crivella, que plantou em Bangu uma muda de pau brasil, visitou a favela ao lado da mulher, do filho e de secretários de seu governo. Diante dos cinegrafistas e dos fotógrafos, ele usou uma enxada para lançar terra sobre a semente.

O prefeito afirmou ser importante promover atos simbólicos e que não têm "custo".

 "Nós temos um grande patrimônio, não financeiro, mas econômico, e podemos aproveitar isso. As escolas, por exemplo, que são 1.500, poderiam abrir nos finais de semana. Ali poderíamos reunir idosos, lideranças comunitárias, crianças. E isso não tem grande custo."