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Ministro diz que mortes em RR não seriam retaliação do PCC e que situação não saiu do controle

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

06/01/2017 12h22Atualizada em 06/01/2017 15h27

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que as 33 mortes no Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, na zona rural de Boa Vista, não são uma retaliação do PCC às rebeliões que terminaram com 60 mortos em presídios de Manaus no início da semana. “Não é, aparentemente, uma retaliação do PCC em relação à Família do Norte”, disse, nesta sexta-feira (6), em Brasília, após detalhar o PNS (Plano Nacional de Segurança).

“Nesse presídio, houve separação de presos. Todos eram da mesma facção, todos eram ligados ao PCC”, informou o ministro. De acordo com ele, três dos mortos eram estupradores. E os outros seriam rivais internos. “Seria um acerto interno, o que não retira, em momento algum, a gravidade do fato”.

Moraes disse que conversou com a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), pela manhã e que seguirá para o Estado ainda nesta sexta para acompanhar a situação. À tarde, o ministro cancelou sua ida a Boa Vista. 

Em nota, o Palácio do Planalto disse que o presidente Michel Temer também telefonou para a governadora e colocou todos os meios federais à disposição para auxiliar em ações de segurança pública.

Temer lamentou o episódio e se solidarizou com o povo do Estado. “A governadora informou que a situação já se encontra sob controle e, neste momento, não será necessária a presença federal”, diz a nota. “Ficou acertado que as autoridades estaduais manterão permanente contato com o Ministério da Justiça para trocar informações sobre a evolução da situação de segurança em Boa Vista”.

Após as rebeliões de Manaus e as mortes em Roraima, o ministro disse que a situação “não saiu do controle”. “Roraima já tinha tido problemas anteriormente”, em referência às 18 mortes registradas no ano passado. Por esse motivo, o Estado já vinha sendo monitorando pelas autoridades locais, com ciência do governo federal.

Superlotação

Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) de Roraima, havia 1.475 presos na unidade no momento dos crimes de hoje --a capacidade é para 750 detentos. Do total, mais da metade (898) é de presos provisórios, ou seja, à espera de julgamento. Outros 458 detentos estavam no regime fechado, e cem, no semiaberto.

Às 9h30, equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do GIT (Grupo de Intervenção Tática) estavam dentro do presídio para "realocação dos internos e conferindo a real situação", segundo a assessoria da Sejuc. Ainda segundo a pasta, a situação "está sob controle".

A Secretaria Estadual de Segurança informou que representantes do governo de Roraima estão reunidos nesta manhã para definir que ações serão adotadas.