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Mãe confessa assassinato de filho adolescente no interior de SP

Itaberli Lozano Rosa, 17, foi assassinado a facadas no fim do ano passado - Reprodução/Facebook
Itaberli Lozano Rosa, 17, foi assassinado a facadas no fim do ano passado Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

12/01/2017 13h45Atualizada em 13/01/2017 09h31

Uma gerente de supermercado de 32 anos foi presa na quarta-feira em Cravinhos, no interior de São Paulo, depois de confessar à polícia ter matado o próprio filho de 17 anos a facadas no fim do ano passado.

ATUALIZAÇÃO: Mãe muda versão e agora diz que não matou filho

A suspeita da Polícia Civil, que investiga o caso, é que o crime teria ocorrido após uma briga entre os dois. O padrasto do jovem, que ajudou a levar o corpo até um canavial e depois colocou fogo no local, também foi preso, de acordo com a polícia. 

À Polícia Civil, Tatiana Lozano Pereira teria afirmado que o filho dela, Itaberli Lozano Rosa, teria ameaçado a ela e ao padrasto, Alex Pereira, bem como ao filho de quatro anos do casal.

O jovem, ainda segundo a versão da mãe à polícia, teria envolvimento com drogas. A versão é negada por familiares. Dario Rosa, tio do adolescente, disse à reportagem que a mãe não aceitava a orientação sexual do filho, que, ainda segundo  o tio, era gay, e que essa pode ter sido a causa do crime.

Os dois foram indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar, duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima, além de ocultação de cadáver, segundo a polícia.

Se condenados, estão sujeitos a uma pena que pode chegar a 33 anos de prisão. A mulher foi levada para a cadeia de Cajuru e o padrasto está no Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto. 

O delegado Elton Testi, responsável pelo caso, informou que já pediu a prisão temporária da mãe e do padrasto por 30 dias. Os dois já foram ouvidos e uma nova perícia na casa da mãe, o local do crime, foi solicitada.

A Polícia Civil informou ainda que não descarta a participação de outras pessoas no homicídio e que irá esperar os resultados da perícia para determinar as linhas de investigação.

Procurado, o advogado Fabiano Ravagnani Junior, que representa Tatiana e Alex, informou que já pediu à Justiça um habeas corpus para tirá-los da cadeia e que irá alegar legítima defesa.

“Ela foi ameaçada e, para se defender e para defender sua família, acabou esfaqueando o filho. Não houve intenção de matar, apenas de se defender”, disse.

Sem queixa

Itaberli, que morava com a avó paterna, foi morto em 29 de dezembro durante uma visita que fez à mãe. O corpo dele foi encontrado pela polícia no último sábado (7), dois dias antes de a família registrar um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento.

Foi a avó paterna do adolescente quem procurou a Polícia Civil e fez a denúncia. Por meio de objetos pessoais que estavam próximos ao corpo, a polícia fez a relação entre o corpo encontrado dois dias antes e a queixa de desaparecimento, confirmando a identidade do adolescente. 

Ainda conforme a polícia, o comportamento da mãe, que insistia em alegar que o filho deveria estar com amigos, chamou a atenção dos investigadores, que passaram a encarar Tatiana como a principal suspeita pelo crime.

Segundo a Polícia Civil, ela confessou o crime na quarta-feira (11).

Aos policiais, ela disse que o filho começou a utilizar drogas e que teria ameaçado o filho do casal, de quatro anos, além de dizer que iria matá-la. Nesse momento, ela teria esfaqueado o jovem, segundo os policiais. 

Ainda segundo ela, o padrasto estava dormindo e não presenciou o crime. Ela contou à polícia que o marido foi acordado por ela e que ele ajudou a levar o corpo do local do crime, enrolado em um edredom, para um canavial.

Ainda de acordo com a polícia, Tatiana admitiu também que foi dela a ideia de colocar fogo na área para que o corpo não fosse identificado.

Mãe não aceitava

Dario Rosa, tio do adolescente, negou que Itaberli tivesse qualquer contato com drogas e que acredita que o fato de ele ser gay foi o motivo principal para a ação da mãe.

“A família desconfiava, alguns sabiam mesmo, mas ela nunca aceitou. Ele tinha emprego, era muito educado, nunca brigou com ninguém. Só tinha problemas com a mãe, que não aceitava que ele era homossexual”, disse.

Rosa contou ainda que o menino tinha passado a morar com a avó paterna logo depois do Natal e que saiu de casa no dia 29 após receber uma ligação da mãe. “Ele falou com ela e foi até lá. Quando ele não voltou, minha mãe procurou a Tatiana e perguntou por ele, mas ela disse para ela não se preocupar que ele deveria estar na casa de algum amigo”, contou.

“Uma mãe tem que amar o filho, não matar. A família está dilacerada, vai ser difícil nos recuperarmos”, disse o tio.

Questionado, o advogado do casal informou que a mãe nega qualquer relação entre a orientação sexual do filho e o crime. "O problema que ela teve com ele foi as ameaças que ele fez e o comportamento por causa da droga. Ela tem fotos com ele e amigos gays, mas ele mudou por causa da droga e passou a ameaçar a todos", disse.