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Em duas semanas, Santa Catarina registra três mortes de presos

Equipe  faz inspeção na penitenciária de São Pedro de Alcântara em 2012 - Cristiano Andujar - 20.nov.2012/UOL
Equipe faz inspeção na penitenciária de São Pedro de Alcântara em 2012 Imagem: Cristiano Andujar - 20.nov.2012/UOL

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

17/01/2017 18h26

Em menos de 15 dias, três presos foram mortos nos presídios de Santa Catarina. Dois deles eram líderes da facção catarinense PGC (Primeiro Grupo da Capital), aliada do Comando Vermelho no Estado, e em guerra com o PCC (Primeiro Comando da Capital) pela expansão do tráfico. Os motivos das mortes, no entanto, ainda estão sendo investigados.

O primeiro a ser assassinado foi Sebastião Carvalho Walter, o Polaco, que participou da fundação da facção catarinense, segundo a Polícia Civil. O PGC nasceu em São Pedro de Alcântara, uma cidade rural de cinco mil habitantes, fundada por imigrantes alemães, a 32 quilômetros de Florianópolis.

No dia 3 de março de 2003 foi criada a nova facção. O estatuto convocava a “união dos irmãos contra as opressões do Estado”. Polaco foi um dos dez detentos que assinaram o documento de fundação em conjunto com Nelson Lima, o Setenta, de quem partiu a ideia.

No último dia 9, Polaco foi agredido por outro detento, foi espancado gravemente na cabeça e não resistiu aos ferimentos.

Segundo a Vara de Execuções Penais de São José, ele pressentia que seria morto. No ano passado, a Justiça transferiu o detento para o pavilhão 3, onde estaria em segurança. No pavilhão 2, estão os presos do PCC.

A Polícia Civil de São José investiga o homicídio.

Valcir Tomaz, conhecido como Chapecó, foi encontrado morto na noite de sábado (14) também em São Pedro de Alcântara e as causas da morte não foram informadas. Ele era integrante do PGC e foi transferido, assim como Polaco, para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, após 58 dias de atentados contra prédios públicos, agentes de segurança e incêndio a ônibus entre novembro de 2012 e março de 2013. 

No processo de transferência para Mossoró, foi relatado que ele participava ativamente da organização criminosa e que teria ordenado alguns ataques. Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania, Valcir e Polaco retornaram no dia 28 de novembro de 2015.

Também no sábado, Helio Fernandes foi enforcado em um banheiro no pátio, próximo ao local onde os detentos tomam banho de sol, na Penitenciária de Blumenau. Segundo o diretor da instituição, Cleverson Henrique Drechsler, o motivo foi uma desavença pessoal entre detentos. Mas a morte ainda está sendo investigada.

Segundo as Brigadas Populares, entidade que representa os familiares dos presos, uma quarta morte teria ocorrido na Colônia Penal Agrícola de Palhoça, mas o crime ainda não foi confirmado -- a SSP e o Deap não confirmam a morte e dizem que não irão se pronunciar ate a volta das autoridades, que estão em Brasília.

O Deap (Departamento de Administração Prisional) nega que as mortes tenham relação com a guerra entre as facções. Em nota, o departamento explicou que não irá se manifestar até que a Polícia Civil conclua sua investigação.

Já nas ruas de Florianópolis, quatro homens foram assassinados em disputas pelos pontos de tráfico no último final de semana. Os crimes se centralizaram no Norte da Ilha, na Favela do Siri, Cachoeira do Bom Jesus e em Ingleses.

Também houve outras duas tentativas de homicídio. A linha de investigação da Polícia Civil aponta que um grupo criminoso queria exterminar o outro.