PF: Quem são os generais da cúpula que se recusaram a aderir ao golpe
Militares que se opuseram ao plano de golpe de Estado articulado por alguns pares tiveram uma atuação decisiva para evitar que a ideia saísse do papel, segundo a investigação da Polícia Federal.
O que aconteceu
Negativa do comando do Exército e da Aeronáutica. A investigação da PF mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro buscava apoio do Exército para concluir o golpe mas não obteve o apoio dos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Junior, que se posicionaram contrários a qualquer medida que causasse ruptura institucional no país.
Proposta veio com minuta do golpe. A proposta de Bolsonaro foi apresentada aos generais em uma reunião no dia 7 de dezembro, quando ele mostrou uma minuta do golpe aos presentes. Mas os generais já vinham sendo pressionados antes por outros colegas que apoiavam a ideia do então presidente.
Segundo o relatório da PF eles eram chamados de "melancias" pelos golpistas. A negativa dos generais irritou os demais militares que passaram a tratá-los por "melancias", numa referência à cor identificada com a esquerda. "Embora vistam a farda de cor verde, por dentro seriam vermelhos, cor identificada ao referido espectro político", explica o relatório.
Ministro da Defesa e chefe da Marinha eram a favor do golpe. A PF aponta que os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, e ministro da Defesa, Paulo Sergio, "aderiram ao intento golpista", diz o relatório.
Veja a seguir quem foram os generais que resistiram à pressão pelo golpe de Estado.
General do Exército Marco Antônio Freire Gomes
No relatório ele é apontado como um "obstáculo" ao golpe. Segundo a PF, os militares-assessores atuaram de forma deliberada para estabelecer uma relação de confiança entre o comandante do Exército, Freire Gomes, e Bolsonaro. O general é um oficial militar com formação em forças especiais e, por isso, acesso às técnicas de forças para ambientes "politicamente sensíveis".
Ele se recusou a assinar o decreto golpista e resistiu às pressões de seus subordinados e de aliados do governo. A PF destaca que Freire Gomes se tornou um dos principais alvos dos ataques e campanhas de desinformação e difamação por parte dos golpistas.
Freire Gomes até mesmo foi chamado de 'cagão' por Braga Netto após rejeitar participação no golpe.
Tenente-brigadeiro da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior
Resistência ao golpe. Ao lado de Freire Gomes, o tenente-brigadeiro Baptista Júnior rechaçou qualquer adesão de suas respectivas forças ao intento golpista, segundo o relatório da PF. "Não concordariam com qualquer ato que impedisse a posse do governo eleito", diz o relatório.
General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva
Difamação orquestrada. Como os outros militares que rejeitaram o convite para participar do golpe, ele foi alvo de uma campanha de difamação orquestrada pelo general Braga Netto. Integrante do alto-comando do Exército, o relatório diz que ele adotou uma posição institucional, opondo-se a qualquer ação ilícita das forças armadas.
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Quero receberGeneral André Luís Novaes Miranda
O relatório da PF afirma que o General Novaes recomendou que os militares não participassem de atos no dia 7 de setembro de 2022. Após recomendação, ele também passou a ser alvo de vários ataques orquestrados pelo que a PF aponta como uma organização criminosa, por terem se posicionado contrários à ruptura institucional.
General Guido Amin Naves
Foi exposto por ser contrário ao plano. Ele chefiava o Departamento de Ciência e Tecnologia da Força Terrestre. É apontado como um dos generais contrários ao golpe que foram expostos pelo coronel Bernardo Romão Corrêa Netto e pelo adido de defesa, coronel Fabrício Moreira de Bastos.
Fotografias do general foram para o X. A PF mostra que pelo menos um perfil publicou as fotos dos generais, após mensagens serem trocadas entre Corrêa Netto e Bastos. Na legenda: "Dos dezenove generais, estes cinco canalhas não aceitam a proposta do povo. Querem que Lularapio assuma (...)". "A publicação ainda pede para que as fotos dos generais sejam disseminadas na plataforma para serem expostos", aponta o relatório.
Plano de exposição do 'melancias'
Propagação de notícias falsas tinha objetivo de incitar revolta contra 'comandantes melancias'. Segundo a PF, o blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, comentarista da Jovem Pan, e neto do general da ditadura João Batista Figueiredo, era responsável pela divulgação de informações falsas, diante da sua "capacidade de penetração no meio militar".
Paulo Figueiredo tinha tarefas bem estabelecidas, entre elas, insuflar os militares a aderirem ao intento golpista. Ele "vazaria " a denominada "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro", um documento assinado por 37 militares com a intenção de pressionar pela adesão à tentativa de golpe de estado.
Ele fez críticas a outros militares da cúpula do Exército que defendiam o respeito ao resultado da eleição. Neste grupo está o general Richard Nunes (Comando Militar do Nordeste) e Valério Stumpf (chefe do Estado-maior).
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