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Princípio de tumulto em Bangu é contido por grupamento tático

Parentes de presos formam fila na porta do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio - Hanrrikson de Andrade/UOL
Parentes de presos formam fila na porta do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

18/01/2017 16h56

Agentes penitenciários do GIT (Grupamento de Intervenção Tática) foram acionados nesta quarta-feira (18) por conta de uma briga envolvendo detentos da cadeia Esmeraldino Bandeira, no Complexo de Bangu, na zona oeste carioca. O tumulto foi contido sem a necessidade de ação violenta, relatou o presidente do SindSistema (Sindicato do Servidores do Sistema Penal), Gutembergue de Oliveira, que estava no local. A versão foi confirmada pelo governo do Estado por meio da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).

Gutembergue relatou que estava na porta do Complexo de Bangu, nesta manhã, junto a outros colegas que participam da greve da categoria, iniciada na terça-feira (17). A confusão dentro da cadeia disparou o alarme, segundo ele, e alguns inspetores e agentes grevistas correram para ver o que estava acontecendo. Nesse momento, jornalistas e curiosos que estavam no local acreditaram que poderia se tratar de uma rebelião. Posteriormente, a hipótese foi negada pela Seap, em nota.

O presidente do SindSistema relatou ter homens do GIT no interior da unidade, e disse que "só a presença" do grupamento foi o suficiente para que os presos recuassem. "Não houve uso de armamento não letal ou qualquer outra força", destacou. A Seap informou que "não houve necessidade de incursão". No total, a cadeia Esmeraldino Barros tem capacidade para 992 presos, mas hoje abriga 1826 detentos, com 184% de ocupação.

Inspetores penitenciários relataram que a briga ocorreu porque alguns detentos recém-chegados na unidade não se submeteram a regras de convívio determinadas pelas lideranças entre os presos. A situação gerou uma discussão, que evoluiu para agressões mútuas envolvendo um grupo de seis internos. Nesse momento, de acordo com o presidente do sindicato, só havia três agentes para garantir a segurança de todo presídio.

Gutembergue relatou que os seis envolvidos no tumulto ficaram "levemente feridos". A Seap, por outro lado, negou que algum detento tenha sofrido ferimentos em razão do tumulto.

bezerra bangu - Reprodu??o/Ministério P?blico Federal - Reprodu??o/Ministério P?blico Federal
Ocupante de uma das celas de Bangu, Luiz Carlos Bezerra (à dir.) afirmou que o presídio está um "barril de pólvora". Ele é suspeito de ser operador do esquema de propina do ex-governador Sérgio Cabral (centro)
Imagem: Reprodu??o/Ministério P?blico Federal

Paralisação

Os servidores grevistas não estão desempenhando qualquer tarefa que não seja "essencial" --como alimentação, emergência médica e cumprimento de alvará de soltura. Com isso, foram vetadas as visitas de familiares e a entrada de novos presos. Também não estão sendo feitas transferências e a saída de detentos para audiências em varas criminais.

Sem o pagamento das horas extras do segundo semestre de 2016 e também sem as gratificações por metas desde 2015, os agentes reclamam ainda o pagamento do salário de dezembro e do 13º. Eles prometem permanecer assim até a próxima segunda, quando haverá uma nova assembleia.

Os trabalhadores também reclamam das más condições de trabalho -- ao UOL, dois agentes relataram sob a condição de anonimato uma rotina de insegurança e pressão. "Tem presídios com 3.000 pessoas e um efetivo de oito, nove, dez pessoas trabalhando em um dia bom", afirmou um agente.

Em nota, a Seap afirmou que, mesmo com a greve, possui um "plano de segurança para manter a rotina das unidades prisionais". "A situação está dentro da normalidade", informou o órgão, em nota.