"Estamos doidos para voltar para a rua", diz cabo da PM do Espírito Santo
A ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar) do Espírito Santo afirma que não tem relação com o movimento que está paralisando os serviços de segurança no Estado há pelo menos três dias.
“A associação não tem nada a ver com o movimento [de mulheres de cabos e soldados]”, diz o cabo Thiago Bicalho, do 7º Batalhão da Polícia Militar do Estado e diretor Social e de Relações Públicas da associação.
“Estamos doidos para voltar para a rua, mas precisamos do apoio da população”, disse Bicalho ao UOL. De acordo com ele, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento e, há três, não se repõe no salário a perda pela inflação. “Há um descaso total com a Polícia Militar”.
A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos policiais militares, que estão acampados em frente a 11 batalhões da Polícia Militar em mais de 30 cidades do Estado. Eles reivindicam reajuste salarial e melhores condições de trabalho para a categoria. A Força Nacional foi acionada para ajudar na segurança dos municípios.
No documento em que declara a ilegalidade do movimento, o desembargador Robson Luiz Albanez afirma que a proibição de saída dos policiais militares caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. Uma multa de R$ 100 mil foi fixada às associações que representa os policiais capixabas, caso haja descumprimento da decisão.
Mulheres começaram movimento
A situação de falta de reajuste e de perspectiva de negociação teria sido o estopim para a ação das mulheres dos PMs. “[Ela] partiu de 12 bravas guerreiras em Serra (ES), e o movimento irradiou”. Segundo o cabo, “essas doze mulheres fizeram” o que eles não tiveram tempo de fazer. Bicalho diz que, há um ano, a associação tenta dialogar, sem sucesso, com o secretário de Segurança, André Garcia.
Garcia também é criticado pela associação por atribuir a paralisação aos policiais. Segundo o cabo, sua própria esposa tem ordenado que ele não saia do quartel. “Se não, [eu] não entro em casa”. A Constituição proíbe que policiais militares façam greve.
Neste momento, a associação está utilizando seu corpo jurídico para provar que não há relação dos cabos com o movimento das mulheres.
Procurada pelo UOL, a secretaria de Segurança capixaba ainda não se pronunciou sobre a fala da ACS.
Militares e Força Nacional
O governo federal irá enviar tropas das Forças Armadas e agentes da Força Nacional de Segurança para o Espírito Santo, que sofre com a falta de policiamento há pelo menos três dias, desde o início dos protestos de familiares dos agentes, que impedem sua atuação nas ruas. A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança capixaba, André Garcia, em entrevista, nesta segunda-feira (6).
Em entrevista à rádio BandNews FM, Garcia disse que a Força Nacional vai fazer o policiamento das ruas e as Forças Armadas vão trabalhar na "garantia do emprego e da ordem", disse, sem saber o horário em que os agentes estarão à sua disposição.
Procurada pela reportagem, a Presidência da República ainda não confirma o envio dos reforços. Segundo o Ministério da Justiça, "até o presente momento não temos a confirmação do recebimento do pedido [de envio da Força Nacional]".
Já o ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegará a Vitória no fim da tarde desta segunda-feira acompanhar a crise na segurança.
Sem negociação
O secretário reforçou que as negociações com os policiais, diante das reivindicações de reajuste salarial e melhores condições de trabalho, serão feitas apenas quando o policiamento na rua for retomado e a situação estiver controlada. "Assim que retornar a normalidade, o governo vai manter as portas abertas, como sempre o fez", afirmou à rádio Estadão.
Sem policiamento, o secretário confirmou que houve aumento no número de mortes nas ruas. "Não fechamos ainda os números porque a prioridade agora é outra. Mas temos um aumento no número de homicídios no Estado nos últimos três dias. Não há como negar isso".
Na manhã desta segunda-feira, a prefeitura de Vitória, capital do Estado, suspendeu o funcionamento das escolas municipais --tanto no turno matutino quanto vespertino--, parques municipais, e de todas as unidades de saúde por causa do protesto. A administração também cancelou o expediente nas repartições municipais.
Em nota, o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), disse que está em contato, desde a noite de domingo (5), com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e pediu celeridade e apoio do governo federal. "Para segurança dos servidores, população e das famílias, peço a compreensão de todos pois estamos suspendendo as atividades no dia de hoje. Pedimos para que as pessoas se mantenham conectadas aos comunicados oficiais dos poderes públicos nesta segunda". (Com Estadão Conteúdo)
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