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Policiais civis paralisam serviço no ES; chefe da Civil nega: "é isolado"

Diego Herculano/AP
Imagem: Diego Herculano/AP

Paula Bianchi

Do UOL, em Vitória

08/02/2017 11h37Atualizada em 08/02/2017 16h11

Os policiais civis do Espírito Santo decidiram, em assembleia realizada nesta quarta-feira (8) em Vitória, cruzar os braços em protesto pela morte de um policial em Colatina, no interior do Estado, na noite desta terça (7).

Por meio do chefe de Polícia, delegado Guilherme Daré, a Polícia Civil informou que não aderiu à paralisação. Segundo Daré, o movimento é “isolado e está sendo feito apenas por uma associação".

De acordo com Clovis Guioto, vice-presidente da Associação de Escrivães do ES, o comunicado "não condiz a realidade". "Lemos o comunicado durante uma assembleia no começo da tarde e ele foi repudiado pelas nove associações que participaram do encontro. Estamos parados, exceto em casos flagrantes, até meia-noite."

De acordo com Junior Fialho, diretor do Sindicato dos Investigadores, a princípio a categoria ficará de braços cruzados o fim do dia. Após a assembleia, os policiais civis fizeram uma caminhada até o quartel onde familiares impedem PMs de sair para as ruas.

Aos gritos de "Hoje a polícia do ES é uma só", os agentes chegaram aplaudindo a paralisação.

"Nós vamos parar hoje em protesto pela morte do Marcelo e pelo descaso do governo com a Polícia Civil. Temos várias pautas, a reposição salarial e de efetivo, principalmente, mas, hoje, paramos pelo Marcelo."

Na terça, o policial Mário Marcelo de Albuquerque tentou evitar um roubo de motocicleta e morreu durante troca de tiros. Este é o primeiro policial morto desde que se instalou uma onda de insegurança no Estado, com a paralisação das atividades da Polícia Militar, no último sábado (4).

Segundo informações do sindicato, Albuquerque estava a trabalho na região de Colatina para fazer diligências da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Vitória.

No fim de semana, a Polícia Civil já havia orientado os policiais, em comunicado, para que não atuassem no patrulhamento que deveria ser feito pela PM e que não colocassem as vidas em risco.

Ao UOL, o governo capixaba disse que a Sesed (Secretaria de Segurança e Defesa Social) iria se pronunciar. Até o momento, a secretaria não atendeu os contatos da reportagem.

Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.